segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Resenha Crítica

 Aprenda a fazer uma boa resenha de filme seguindo os seguintes passos:

1. Assista ao filme

Para escrever sobre um filme a primeira coisa que você precisa fazer é assisti-lo atentamente, ou quando possível, assisti-lo pelo menos duas vezes.

O ideal é assistir uma vez, refletir sobre o filme, começar a esboçar a resenha, e voltar a assistir para garantir que não esqueceu de nada importante ou se enganou em alguma informação.

2. Leia sobre o tema abordado

Leia sobre o tema do filme e se informe sobre o que foi abordado. Ler sobre o tema não é ler outras resenhas do mesmo filme - para algumas pessoas isso pode influenciar o processo de escrita de forma negativa, e para essas pessoas, o ideal é consultar outras resenhas somente depois de escrever a sua própria.

Há pessoas, no entanto, que a leitura de outras resenhas até pode ajudar a desenvolver formas variadas de escrita e expandir seu conhecimento sobre resenhas.

Pesquise também sobre quem o dirigiu e que outros filmes foram realizados pelo mesmo diretor dessa produção cinematográfica. Isso é útil para perceber em que contexto o filme surge e qual a intenção do diretor.

3. Escolha o tipo de resenha

A escolha do tipo de resenha que você vai utilizar deve ir ao encontro do seu propósito.

As resenhas podem ser críticas ou descritivas.

As resenhas críticas contêm a opinião do resenhista, que faz uma avaliação do conteúdo do filme.

As resenhas descritivas contêm a informação sobre o conteúdo do filme, sem fazer julgamentos.

A existência de dois tipos de resenha não significa que uma resenha descritiva não possa ter qualquer tipo de opinião do resenhista. O que a caracterizará como uma resenha descritiva é o fato de esse tipo de resenha dar mais destaque à descrição do filme, enquanto uma resenha crítica, por sua vez, destacar o julgamento do resenhista.

4. Redija o seu texto

Siga a estrutura "introdução, desenvolvimento e conclusão" - e, em cada parte, distribua a informação da seguinte forma:

  • Introdução - indicação do tema abordado, local, época;
  • Desenvolvimento: indicação do conteúdo do filme (como os acontecimentos se desenrolam, mas sem narrá-los), intenção e público a que se destina;
  • Conclusão: indicação das dificuldades para entender o filme, se é interessante, se se destaca e comparação com outros filmes do mesmo gênero.

5. Verifique se o seu texto tem as características essenciais de uma resenha

  • Descrição: reflete a capacidade que você teve de descrever o conteúdo do filme, dando o leitor a conhecer o tema abordado nele;
  • Concisão: reflete a capacidade que você teve de escrever um texto sucinto, mas completo;
  • Objetividade: reflete a capacidade que você teve em abordar o que é mais importante no filme resenhado;
  • Argumentação: no caso da resenha crítica, reflete a capacidade que você teve de expor as suas ideias de forma organizada e a chance de convencer o leitor sobre elas.

    Exemplos de resenhas de filmes

    Trecho de resenha crítica de Pantera Negra, de Ryan Coogler

    Pantera Negra passa-se em Wakanda, o fictício país africano isolado do resto do mundo e que é uma potência tecnológica. Com o super-herói negro T’Challa, não é por acaso que a trilha sonora dessa produção cinematográfica, que une ancestralidade com modernidade, tem a força dos tambores africanos.

    É um sucesso de bilheteria muito interessante para assistir e talvez ainda mais para discutir, já que ele levanta questões sobre preconceito racial, relação entre países, e até mesmo sobre os refugiados.

    Trecho de resenha descritiva de A Vida é Bela, de Roberto Benigni

    A Vida é Bela é uma comédia trágica cuja história tem início na década de 30, na Itália. Lá, Guido, um garçom judeu divertido se apaixona por uma jovem rica, com quem casa e tem um filho.

    Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, levados para um campo de concentração, Guido tenta proteger seu filho do horror que vivenciam fazendo com que ele acredite que estão num jogo. É uma história comovente, que ajuda a entender um pouco sobre alguns aspectos da Guerra.

    Resenha é a mesma coisa que resumo de filme?

    Resenha e resumo não são a mesma coisa.

    Resenha é a descrição feita de um filme, em que se ressalta o que ele tem de mais importante. Ela não deve ser confundida com resumo, porque a resenha é mais breve e faz apenas uma explanação do seu conteúdo, podendo contemplar a opinião do resenhista.

    Resumo contêm a narração sintetizada de acontecimentos e a descrição de seus personagens, sem acrescentar nada de novo, ou seja, sem qualquer juízo de valor do seu autor.

    O que é resenha de filme?

    A resenha destaca o tema abordado numa produção cinematográfica e situa o leitor no tempo e no espaço daquilo que ela conta, sem narrar os acontecimentos do filme - apenas fazendo uma explanação sobre ele.

    Esse tipo de texto tem o caráter de apresentação de uma obra, podendo conter a opinião do resenhista. Pelo fato de descrever de forma breve o conteúdo do filme, é muitas vezes lido pelas pessoas para orientar a sua escolha.Além disso, a resenha indica ao público algo que pode não ser percebido mesmo depois de assistir ao filme, motivo pelo qual consiste numa pequena análise.

    https://www.todamateria.com.br/resenha-de-filme-como-fazer-com-exemplos/


terça-feira, 12 de setembro de 2023

Crônica: características, tipos e exemplos

 A crônica é um gênero textual curto escrito em prosa, geralmente produzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc.

Além de ser um texto curto, possui uma "vida curta", ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos corriqueiros do cotidiano.

A palavra “crônica”, do latim chronica, refere-se a um registro de eventos marcados pelo tempo cronológico. Do grego khronos, significa “tempo”.

Portanto, as crônicas estão extremamente conectadas ao contexto em que são produzidas, por isso, com o passar do tempo, elas perdem sua “validade”, ou seja, ficam fora do contexto.

As características das crônicas

  • narrativa curta;
  • uso de uma linguagem simples e coloquial;
  • presença de poucos personagens, se houver;
  • espaço reduzido;
  • temas relacionados a acontecimentos cotidianos.

Tipos de crônicas

Embora seja um texto que faz parte do gênero narrativo (com enredo, foco narrativo, personagens, tempo e espaço), há diversos tipos de crônicas que exploram outros gêneros textuais.

Podemos destacar a crônica descritiva e a crônica dissertativa. Além delas, temos:

  • Crônica Jornalística: mais comum das crônicas da atualidade são as crônicas chamadas de “crônicas jornalísticas” produzidas para os meios de comunicação, onde utilizam temas da atualidade para fazerem reflexões. Aproxima-se da crônica dissertativa.
  • Crônica Histórica: marcada por relatar fatos ou acontecimentos históricos, com personagens, tempo e espaço definidos. Aproxima-se da crônica narrativa.
  • Crônica Humorística: Esse tipo de crônica apela para o humor como forma de entreter o público, ao mesmo tempo que utiliza da ironia e do humor como ferramenta essencial para criticar alguns aspectos seja da sociedade, política, cultura, economia, etc.
Importante destacar que muitas crônicas podem ser formadas por dois ou mais tipos, por exemplo: uma crônica jornalística e humorística.

Exemplos de crônicas

1. Crônica de Machado de Assis (Gazeta de Notícias, 1889)

Quem nunca invejou, não sabe o que é padecer. Eu sou uma lástima. Não posso ver uma roupinha melhor em outra pessoa, que não sinta o dente da inveja morder-me as entranhas. É uma comoção tão ruim, tão triste, tão profunda, que dá vontade de matar. Não há remédio para esta doença. Eu procuro distrair-me nas ocasiões; como não posso falar, entro a contar os pingos de chuva, se chove, ou os basbaques que andam pela rua, se faz sol; mas não passo de algumas dezenas. O pensamento não me deixa ir avante. A roupinha melhor faz-me foscas, a cara do dono faz-me caretas...

Foi o que me aconteceu, depois da última vez que estive aqui. Há dias, pegando numa folha da manhã, li uma lista de candidaturas para deputados por Minas, com seus comentos e prognósticos. Chego a um dos distritos, não me lembra qual, nem o nome da pessoa, e que hei de ler? Que o candidato era apresentado pelos três partidos, liberal, conservador e republicano.

A primeira coisa que senti, foi uma vertigem. Depois, vi amarelo. Depois, não vi mais nada. As entranhas doíam-me, como se um facão as rasgasse, a boca tinha um sabor de fel, e nunca mais pude encarar as linhas da notícia. Rasguei afinal a folha, e perdi os dois vinténs; mas eu estava pronto a perder dois milhões, contando que aquilo fosse comigo.

Upa! que caso único. Todos os partidos armados uns contra os outros no resto do Império, naquele ponto uniam-se e depositavam sobre a cabeça de um homem os seus princípios. Não faltará quem ache tremenda a responsabilidade do eleito, — porque a eleição, em tais circunstâncias, é certa; cá para mim é exatamente o contrário. Dêem-me dessas responsabilidades, e verão se me saio delas sem demora, logo na discussão do voto de graças.

— Trazido a esta Câmara (diria eu) nos paveses de gregos e troianos, e não só dos gregos que amam o colérico Aquiles, filho de Peleu, como dos que estão com Agamenon, chefe dos chefes, posso exultar mais que nenhum outro, porque nenhum outro é, como eu, a unidade nacional. Vós representais os vários membros do corpo; eu sou o corpo inteiro, completo. Disforme, não; não monstro de Horácio, por quê? Vou dizê-lo.

E diria então que ser conservador era ser essencialmente liberal, e que no uso da liberdade, no seu desenvolvimento, nas suas mais amplas reformas, estava a melhor conservação. Vede uma floresta! (exclamaria, levantando os braços). Que potente liberdade! e que ordem segura! A natureza, liberal e pródiga na produção, é conservadora por excelência na harmonia em que aquela vertigem de troncos, folhas e cipós, em que aquela passarada estrídula, se unem para formar a floresta. Que exemplo às sociedades! Que lição aos partidos!

O mais difícil parece que era a união dos princípios monárquicos e dos princípios republicanos; puro engano. Eu diria: 1°, que jamais consentiria que nenhuma das duas formas de governo se sacrificasse por mim; eu é que era por ambas; 2°, que considerava tão necessária uma como outra, não dependendo tudo senão dos termos; assim podíamos ter na monarquia a república coroada, enquanto que a república podia ser a liberdade no trono, etc., etc.

Nem todos concordariam comigo; creio até que ninguém, ou concordariam todos, mas cada um com uma parte. Sim, o acordo pleno das opiniões só uma vez se deu abaixo do sol, há muitos anos, e foi na assembléia provincial do Rio de Janeiro. Orava um deputado, cujo nome absolutamente me esqueceu, como o de dois, um liberal, outro conservador, que virgulavam o discurso com apartes, — os mesmos apartes.

A questão era simples. O orador, que era novo, expunha as suas idéias políticas. Dizia que opinava por isso ou por aquilo. Um dos apartistas acudia: é liberal. Redargüia o outro: é conservador. Tinha o orador mais este e aquele propósito. É conservador, dizia o segundo; é liberal, teimava o primeiro. Em tais condições, prosseguia o novato, é meu intuito seguir este caminho. Redargüia o liberal: é liberal; e o conservador: é conservador. Durou este divertimento três quartos de colunas do Jornal do Comércio. Eu guardei um exemplar da folha para acudir às minhas melancolias, mas perdi-o numa das mudanças de casa.

Oh! não mudeis de casa! Mudai de roupa, mudai de fortuna, de amigos, de opinião, de criados, mudai de tudo, mas não mudeis de casa!

2. A sensível (Clarice Lispector)

Foi então que ela atravessou uma crise que nada parecia ter a ver com sua vida: uma crise de profunda piedade. A cabeça tão limitada, tão bem penteada, mal podia suportar perdoar tanto. Não podia olhar o rosto de um tenor enquanto este cantava alegre – virava para o lado o rosto magoado, insuportável, por piedade, não suportando a glória do cantor. Na rua de repente comprimia o peito com as mãos enluvadas – assaltada de perdão. Sofria sem recompensa, sem mesmo a simpatia por si própria.
Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade como de doença, escolheu um domingo em que o marido viajava para procurar a bordadeira. Era mais um passeio que uma necessidade. Isso ela sempre soubera: passear. Como se ainda fosse a menina que passeia na calçada. Sobretudo passeava muito quando “sentia” que o marido a enganava. Assim foi procurar a bordadeira, no domingo de manhã. Desceu uma rua cheia de lama, de galinhas e de crianças nuas – aonde fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de filhos com cara de fome, o marido tuberculoso – a bordadeira recusou-se a bordar a toalha porque não gostava de fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e perplexa. “Sentia-se” tão suja pelo calor da manhã, e um de seus prazeres era pensar que sempre, desde pequena, fora muito limpa. Em casa almoçou sozinha, deitou-se no quarto meio escurecido, cheia de sentimentos maduros e sem amargura. Oh pelo menos uma vez não “sentia” nada. Senão talvez a perplexidade diante da liberdade da bordadeira pobre. Senão talvez um sentimento de espera. A liberdade.
Até que, dias depois, a sensibilidade se curou assim como uma ferida seca. Aliás, um mês depois, teve seu primeiro amante, o primeiro de uma alegre série.

3. O amor e a morte (Carlos Heitor Cony)

Foi em dezembro, dez anos atrás. Mila teve nove filhotes, impossível ficar com a ninhada inteira, fiquei com aquela que me parecia a mais próxima da mãe.

Nasceu em minha casa, foi gerada em minha casa, nela viveu esses dez anos, participando de tudo, recebendo meus amigos na sala, cheirando-os e ficando ao lado deles - sabendo que, de alguma forma, devia homenageá-los por mim e por ela.

Ao contrário da mãe, que tinha alguma autonomia existencial, aquilo que eu chamava de “fumos fidalgos”, como o Dom Casmurro, Títi era um prolongamento, o dia e a noite, o sol e todas as estrelas, o universo dela centrava-se em acompanhar, resumia-se em estar perto.

Quando Mila foi embora, há dois anos, ela compreendeu que ficara mais importante -e, se isso fosse possível, mais amada. Escoou com sabedoria a dor e o pranto, a ausência e a tristeza, e se já era atenta aos movimentos mais insignificantes da casa, com o tempo tornou-se um pedaço significante da vida em geral e do meu mundo particular.

Vida e mundo que deverão, agora, continuar sem ela -se é que posso chamar de continuação o que tenho pela frente. Perdi alguns amigos, recentemente, mas foram perdas coletivas que doeram, mas, de certa forma, são compensadas pela repartição do prejuízo.

Perder Títi é um “resto de terra arrancado” de mim mesmo -e estou citando pela segunda vez Machado de Assis, que criou um cão com o nome do dono (Quincas Borba) e sabia como ninguém que dono e cão são uma coisa só.

Essa “coisa só” fica mais só, nem por isso fica mais forte, como queria Ibsen. Fica apenas mais sozinho mesmo, sem ter aquele olhar que vai fundo da gente e adivinha até a alegria e a tristeza que sentimos sem compreender. Sem Títi, é mais fácil aceitar que a morte seja tão poderosa, desde que seja bem menos poderosa do que o amor.

A Crônica no Brasil

A crônica foi inicialmente desenvolvida com caráter histórico (as crônicas históricas). Elas relatavam desde o século XV fatos históricos (reais ou fictícios) ou acontecimentos cotidianos (sucessão cronológica), algumas com toque de humor.

Mais tarde, esse gênero textual despretensioso foi se aproximando do público e conquistando os leitores mundo afora. Hoje, esse fato é confirmado pela enorme difusão das crônicas, sobretudo nos meios de comunicação.

No Brasil, a crônica tornou-se um estilo textual bem difundido, desde a publicação dos "Folhetins" em meados do século XIX. Alguns escritores brasileiros que se destacaram como cronistas foram:

  • Machado de Assis
  • Carlos Drummond de Andrade
  • Rubem Braga
  • Luís Fernando Veríssimo
  • Fernando Sabino
  • Carlos Heitor Cony
  • Caio Fernando Abreu

Segundo o professor e crítico literário Antônio Cândido, em seu artigo “A vida ao rés-do-chão” (1980):

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor. “Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto, mas para a literatura (...).

(...) Ora, a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das pessoas. Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas. Ela é amiga da verdade e da poesia nas suas formas mais diretas e também nas suas formas mais fantásticas, sobretudo porque quase sempre utiliza o humor. Isto acontece porque não tem pretensões a durar, uma vez que é filha do jornal e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa. Ela não foi feita originalmente para o livro, mas para essa publicação efêmera que se compra num dia e no dia seguinte é usada para embrulhar um par de sapatos ou forrar o chão da cozinha.”

Nesse trecho, tão esclarecedor, podemos destacar as características fundamentais da crônica, como, por exemplo, a aproximação com o público, na medida em que contém uma linguagem mais direta e despretensiosa.

Além disso, o autor destaca um de seus principais aspectos, ou seja, a curta duração que possui esse produção textual.


https://www.todamateria.com.br/cronica/


domingo, 3 de setembro de 2023

Poesia Parnasiana



A Poesia Parnasiana reflete o realismo poético, embora existam pontos discordantes entre os dois movimentos.

Na Poesia Parnasiana, a estética é traduzida pela "arte pela arte" ou, ainda, a "arte sobre a arte". É o movimento da perfeição literária.



Características da poesia parnasianaEndeusamento à forma perfeita
Rigidez dos versos
Postura anti-romântica
Objetividade Temática
Negação ao sentimentalismo
Impessoalidade
Impassibilidade
Descrições objetivas
Culto à arte da Antiguidade Clássica
Rima rica, rara e perfeita
Influências da poesia parnasiana

O Parnasianismo é um movimento literário surgido na França e tem como inspiração o Parnaso Contemporâneo, o monte grego consagrado a Apolo, deus da luz e das artes. O monte ainda é uma homenagem às musas mitológicas ligadas à arte.
A poesia parnasiana brasileira

A Poesia Parnasiana reflete a reação na literatura poética às grandes transformações ocorridas ao fim do século XIX e início do século XX. Essa mesma estética da perfeição inicia-se no ao fim da década de 1870.

Em 1878, os jornais cariocas passam a exibir o movimento que ficou conhecido como Batalha do Parnaso. O Parnasianismo perdura até a Semana de Arte Moderna de 1922.

A perfeição, contudo, não impõe a subjetividade. Ao contrário, a Poesia Parnasiana assume uma clara postura anti-romântica. Há o culto à forma, uma objetividade temática que surge tendo a negação ao sentimentalismo típico e claro do Romantismo.

A Poesia Parnasiana ainda incita a impessoalidade e a impassibilidade. O resultado ao abandono do subjetivismo, considerado decadente, é uma poesia universalista, tendo como marca descrições objetivas e impessoais.
Autores brasileiros parnasianos

Os autores brasileiros que assumem o modelo Parnasiano de maior destaque são Olavo Bilac, Raimundo Corrêa e Alberto de Oliveira. Juntos, formam a chamada Tríade Parnasiana.

Os autores ainda lançam mão do racionalismo e das formas perfeitas, típicas da Antiguidade Clássica. O resultado é uma poesia de meditação, com indução ao pensamento filosófico.

O culto à arte da Antiguidade Clássica também é marcante neste movimento. Assim, a forma fixa apresentada é a de sonetos tendo a métrica revelada por versos alexandrinos - que têm 12 sílabas - e os versos decassílabos perfeitos.

A rima deve ser rica, rara e perfeita, ou seja, há o endeusamento da forma. Tudo isso contrapondo-se aos versos livres e bancos.
Olavo Bilac (1865-1918)

Olavo Bilac é o único dos autores da Tríade Parnasiana a iniciar os trabalhos assumindo de maneira integral a estética da escola literária. Procurou, desde o início de seu trabalho a perfeição formal tão característica do movimento.




Bilac escrevia versos perfeitamente metrificados. Para Bilac, o poeta deve trabalhar a poesia pacientemente - como se fosse um monge beneditino - do mesmo modo que um ourives trabalha uma joia, buscando o relevo, a perfeição formal, servindo a Deusa Forma.

O autor lança mão de uma linguagem elaborada. É comum se valer de constantes inversões da estrutura gramatical, da busca um efeito poético mais rico para os padrões parnasianos.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
Assim procedo. Minha pena
Segue essa norma.
Por te servir, Deusa Serena,
Serena Forma.





POEMA: PROFISSÃO DE FÉ - OLAVO BILAC - COM GABARITO

Poema: PROFISSÃO DE FÉ
Olavo Bilac



Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com Ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor.


Imito-o. E, pois nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.




Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.


Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.


Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.


Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:


E que o lavor do verso, acaso,
Por tão sutil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.


E horas sem conta passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.


Porque o escrever – tanta perícia,
Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.


Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
Olavo Bilac. Profissão de fé. In: Poesia. Rio de Janeiro: Agir, p. 39-40.
Entendendo o poema:
01 – O tema do poema é:
a) a exaltação do lavor poético.
b) a valorização da profissão do ourives.
c) a inveja despertada por algumas profissões.
d) a vocação para trabalhos artísticos.


02 – A linguagem utilizada no poema é:
a) simples b) apurada c) informal d) subjetiva.


03 – O eu lírico inveja o ourives devido:
a) a forma como ele trabalha.
b) ao material com o qual ele trabalha.
c) ao valor do produto que ele produz.
d) a beleza das peças criadas por ele.


04 – O sentimento de inveja que o ourives desperta no eu lírico o motiva a:
a) difamá-lo em seus versos.
b) seguir-lhe o exemplo.
c) ignorá-lo em seus versos.
d) elogiá-lo no poema.


05 – Revela a perfeição formal buscada pelo poeta os versos
a) “Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.”
b) “Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.”
c) “Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:”

d) “A pena, como em prata firme
Corre o cinzel."


06 – O poeta parnasiano tem a concepção de arte pela arte, distanciando-se da realidade. Percebemos esse distanciamento nos versos
a) “Porque o escrever – tanta perícia,
Tanta requer,”
b) “Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!”
c) “Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel”
d) “A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.”


07 – Do ponto de vista formal, o poema caracteriza-se pela regularidade métrica e rímica, observando aos critérios clássicos de beleza poética, seguidos pelos parnasianos. Justifique essa afirmação, mostrando o tipo de estrutura métrica e rímica que possui.
O poema possui versos alternadamente de 8 e de 4 sílabas métricas, e suas rimas são alternadas.


08 – Na primeira estrofe, desenvolve-se uma comparação que nos permite perceber a extrema importância da forma, para a poesia parnasiana. De que comparação se trata?
Trata-se da comparação entre o trabalho poético e o do ourives ou joalheiro.


09 – Os elementos estatísticos da poesia parnasiana destacados pela comparação citada referem-se à matéria-prima do trabalho – a linguagem – e também ao modo de executá-lo. Que passagem da 1ª estrofe pode ser relacionada com a precisão, a minúcia, a preocupação com os detalhes, típicas desse estilo?
A passagem é: “... Com que ele, em ouro, o alto relevo / Faz de uma flor.”


10 – Indique a estrofe que sintetiza o ideal normativo e esteticista do estilo parnasiano, deixando subentendido o sacrifício da dimensão conteudistica do poema.
É a última estrofe do fragmento escolhido.


11 – Que verbos da quarta estrofe exprimem o pressuposto parnasiano de que a criação literária é fundamentalmente um trabalho intelectual, um debruçar-se sobre a obra em busca da perfeição formal?

Os verbos são: torce, aprimora, alteia, lima e engasta.


https://armazemdetexto.blogspot.com/2019/01/poema-profissao-de-fe-olavo-bilac-com.html
https://www.todamateria.com.br/poesia-parnasiana/


sábado, 19 de agosto de 2023

Imparcialidade: o mito do jornalismo

 


Isabel Vernier

O jornalista tem como principal função fomentar o debate público com fatos. Hoje, percebemos a prevalência das crenças e das opiniões. No entanto, estes fatores são individuais e não devem prevalecer aos fatos e à verdade. Portanto, o jornalista deve fazer com que o público tenha acesso a informações verificadas que têm impacto nos âmbitos social e individual.

Dessa forma, o profissional fomentará o esclarecimento da população, fazendo com que esta possa tomar as melhores atitudes quanto aos acontecimentos e se manifestar contra ou a favor deles.

Essencialmente, de acordo com o professor de jornalismo da USP, Dennis de Oliveira, o trabalho do jornalista é contribuir para uma democracia forte.

Entretanto, segundo Oliveira, a imparcialidade ou neutralidade no jornalismo é uma idealização, pois é impossível de ser alcançada. O nascimento do jornalismo ocorreu com textos opinativos e fortemente ideológicos. No entanto, a prática jornalística tornou-se uma atividade comercial que implicou uma ideia de neutralidade para abranger um público consumidor mais diverso.

Na verdade, grande parte do fazer jornalístico relaciona-se com a seleção de informações verdadeiras para compor uma notícia ou reportagem. Isso quer dizer que é impossível explicar um fato ou acontecimento exatamente como aconteceu, com todos os detalhes intrínsecos ao evento. Portanto, alguns dos fatos investigados não estarão no texto publicado ou na reportagem televisiva. Esta escolha

dos dados da edição final pode diferir de veículo para veículo e, com isso, demonstrar diferentes olhares sobre um mesmo tema.

Isso ocorre porque o tempo de leitura de uma notícia ou de uma telerreportagem é curto e um acontecimento de horas precisa ser resumido em poucos minutos. Por isso, as matérias devem ser realizadas com objetividade. Além disso, algumas linhas editoriais entendem certos detalhes como importantes, enquanto outras podem ver os mesmos fatos como secundários.

Tais linhas editoriais têm grande influência no encaminhamento de uma reportagem. O editor tem liberdade para excluir partes de uma notícia, inserir dados verificados e alterar qualquer porção do material entregue pelo jornalista, desde que não afete a veracidade das informações.

Muitas vezes, o jornalista necessita se enquadrar à linha editorial para facilitar o processo de edição e para seguir os valores da empresa jornalística para a qual trabalha. No entanto, isso não quer dizer que as informações não são confiáveis. Mesmo existindo a imposição de um determinado cunho textual, os dados precisam, necessariamente, ser verdadeiros e sem apelo sensacionalista.

Cabe ao jornalista investigar com fontes diferentes e sempre buscar versões diversas sobre um mesmo ocorrido. Tais fontes devem pautar todas as informações de uma notícia. Essas informações podem ser números e dados adquiridos de órgãos públicos, pesquisas, consultas com profissionais e testemunhos.

Vale lembrar, no entanto, que testemunhas de acontecimentos podem dar informações não verdadeiras ou extremamente enviesadas. Portanto, a investigação deve sempre comparar tais relatos com outros dados ou outros testemunhos.

Essa prática não garante imparcialidade, pois a escolha das fontes também influencia no tom da reportagem, mas assegura o cumprimento de dois valores que são a base do jornalismo: compromisso com a verdade e com o interesse público.

Já a população que busca se informar também precisa se atentar aos veículos que propagam notícias e sempre verificar se elas foram publicadas e confirmadas em outros jornais confiáveis. Matérias compartilhadas em redes sociais ou em aplicativos de mensagens instantâneas sempre devem ser checadas, já que o acesso ilimitado a essas plataformas faz com que seja mais simples a disseminação de informações falsas, criadas por qualquer pessoa e sem qualquer tipo de investigação.

(Texto cedido pela autora para uso no material Currículo em Ação, 2a série do EM, 3o bimestre)

Em duplas, discutam e respondam às questões, anotando no caderno as informações.

O texto que vocês acabaram de ler deve ser classificado como pertencente ao gênero notícia ou ao gênero artigo de opinião? Por quê?

R: O texto pertence ao gênero artigo de opinião, pois, embora ele traga informações sobre vários fatos, é constituído, primordialmente, pelas opiniões da autora.


“O trabalho do jornalista é contribuir para uma democracia forte”. Na opinião do grupo, como pode se dar essa contribuição? Como a democracia pode ser enfraquecida?

R: Para termos uma democracia forte, a população precisa ter acesso a informações de qualidade, claras, objetivas e verdadeiras, e este é o papel do jornalista. A publicação de conteúdo tendencioso, fora de contexto ou falso pode levar as pessoas a percepções deturpadas da realidade e, consequentemente, a escolhas equivocadas, enfraquecendo, dessa forma, o processo democrático.

(2o parágrafo) “Dessa forma, o profissional fomentará o esclarecimento da população, fazendo com que esta possa tomar as melhores atitudes quanto aos acontecimentos e se manifestar contra ou a favor dos mesmos. Essencialmente, de acordo com o professor de jornalismo da USP, Dennis de Oliveira, o trabalho do jornalista é contribuir para uma democracia forte”.

Que tipo de argumento temos no parágrafo acima?

  1. De Autoridade
  2. Por exemplificação
  3. De princípio
  4. Por causa e consequência


Segundo o professor Dennis Oliveira, “a imparcialidade ou neutralidade no jornalismo é uma idealização, pois é impossível de ser alcançada”. Pesquisem e descrevam qual a diferença entre os dois termos (imparcial e neutro) destacados no contexto em que estão inseridos.

Neutro – Adjetivo. Que não toma partido em uma discussão, que não escolhe um dos lados; que não se posiciona nem a favor, nem contra; neutral.

Imparcial – Adjetivo. Que julga justamente; desprovido de parcialidade; sem preferência.

Mesmo não garantindo imparcialidade, a curadoria de fontes e informações é crucial para compreender os fatos. Segundo a autora, como podem ser buscadas essas informações? Quais valores precisam ser cumpridos na busca por elas?

R: Informações podem ser buscadas a partir de números e dados adquiridos de órgãos públicos, pesquisas, consultas com profissionais e testemunhos. Os valores, que devem ser buscados e que são a base do jornalismo, são o compromisso com a verdade e com o interesse público.

domingo, 6 de agosto de 2023

Tese e argumentação

 O texto dissertativo-argumentativo é um tipo textual que consiste na defesa de uma ideia por meio de argumentos, opinião e explicações fundamentadas.

Este tipo de texto tem como objetivo central a formação de opinião do leitor. Assim, ele é caracterizado por tentar convencer ou persuadir o interlocutor da mensagem através da argumentação.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) esse é o tipo de texto solicitado aos alunos, cujo tema aborda questões atuais de ordem social, científica, cultural ou política.

A estrutura do texto dissertativo-argumentativo

O texto dissertativo-argumentativo é dividido em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

1. Introdução

Na introdução devem ser mencionado o tema central que será abordado no texto de modo a situar o interlocutor.

Esta parte deve compreender cerca de 25% da dimensão global do texto.

2. Desenvolvimento

Todas as ideias mencionadas na introdução devem ser desenvolvidas de forma opinativa e argumentativa nessa parte do texto, cuja dimensão deve compreender cerca de 50% do mesmo.

3. Conclusão

A conclusão deve ser uma síntese do problema abordado, mas com considerações que expressam o resultado do que foi pensado ao longo do texto.

A sua dimensão contempla cerca de 25% do texto.

Como fazer um texto dissertativo argumentativo?

As etapas necessárias para produzir um texto dissertativo-argumentativo são:

1. Escolha do tema e do problema

Escolher um tema para dissertar é o primeiro passo para produzir um texto dissertativo-argumentativo.

Nos vestibulares e provas do Enem, o tema da redação é apresentado através dos textos motivadores (de apoio) que costumam trazer assuntos relacionados com o contexto atual.

Depois de escolhido o tema, faz-se necessário refletir sobre o assunto para entender quais conhecimentos temos sobre isso. Além disso, fazer um recorte sobre o que se pretende dissertar é essencial. Ou seja, imagine que o tema é sobre o aborto. O que iremos dissertar sobre esse tema?

O recorte é isso, a escolha de um tópico sobre a tese (tema central) e que pode ser, nesse exemplo: o significado do aborto; a legislação atual do aborto; causas e consequências do aborto; o aborto na sociedade brasileira.

Por isso, além de escolher o tema, é importante ter um recorte, isto é, a busca de um problema para desenvolver na redação.

Em resumo:

  • Qual o tema escolhido?
  • Quais os conhecimentos sobre esse tema?
  • Qual o problema específico sobre o tema que se pretende dissertar?

2. Busca da opinião e argumentos sobre o tema

O texto dissertativo-argumentativo possui a opinião do autor sobre determinado tema. No entanto, essa opinião não deve estar expressa em primeira pessoa do singular (Eu) e sim na primeira ou terceira pessoa do plural (Nós, Eles).

O mais importante de um texto dissertativo-argumentativo é a organização, clareza e exposição dos argumentos.

Para isso, é necessário refletir sobre o tema, buscando assim uma verdade pessoal ou juízo de valor sobre o assunto abordado. Isso porque a opinião sobre o tema reforçará a argumentação.

Assim, selecione exemplos, fatos e provas de modo a assegurar a validade de sua opinião, sem deixar de justificar cada parte. Uma dica é fazer um esboço da estrutura do texto e anotar tudo em um rascunho para ir organizando melhor as ideias.Em resumo:

  • Qual sua opinião sobre o tema dissertado?
  • Quais argumentos, exemplos e fatos serão utilizados na redação?

3. Finalização do texto

Na finalização de um texto dissertativo-argumentativo, busca-se a solução para o problema exposto na dissertação.

Assim, é hora de apresentar uma síntese da discussão exposta, onde se retoma a tese (ideia principal) propondo uma solução ao problema e adicionando as observações finais.

Em resumo:

  • Quais as possíveis soluções para o problema exposto?
  • Quais caminhos podem ser eleitos para solucionar o problema?

    Exemplos de textos dissertativo-argumentativos

    Texto 1

    Tema: violência nas escolas

    É frequente ouvirmos falar sobre os atos violentos na escola. Não bastasse a sua presença nas ruas, os ambientes supostamente seguros - nomeadamente as escolas - são mais do que nunca alvo de ações de violência.

    Os valores se perdem a ponto de não só entre alunos, mas entre alunos e professores, ou vice-versa, serem inúmeros os casos de agressões noticiados frequentemente.

    A força é tomada em detrimento da razão e os conflitos são resolvidos de forma irracional desde a infância, cujas crianças absorvem cedo esse tipo de comportamento por influência da sociedade cada vez mais violenta em que vivemos.

    A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para estabelecer normas e restaurar valores que tem vindo a se perder. Por isso, pode-se concluir que a aproximação entre pais e escola é um dos principais propulsores para a mitigação desse problema.

https://www.todamateria.com.br/texto-dissertativo-argumentativo/

Aulas 13 e 14

 Elementos da conclusão do discurso Reconhecer os elementos da conclusão de um discurso;  Delimitar a conclusão de um discurso. “A primeira ...