Isabel Vernier
O jornalista tem como principal função fomentar o debate
público com fatos. Hoje, percebemos a prevalência das crenças e das opiniões.
No entanto, estes fatores são individuais e não devem prevalecer aos fatos e à
verdade. Portanto, o jornalista deve fazer com que o público tenha acesso a
informações verificadas que têm impacto nos âmbitos social e individual.
Dessa forma, o profissional fomentará o esclarecimento da
população, fazendo com que esta possa tomar as melhores atitudes quanto aos
acontecimentos e se manifestar contra ou a favor deles.
Essencialmente, de acordo com o professor de jornalismo da
USP, Dennis de Oliveira, o trabalho do jornalista é contribuir para uma
democracia forte.
Entretanto, segundo Oliveira, a imparcialidade ou
neutralidade no jornalismo é uma idealização, pois é impossível de ser
alcançada. O nascimento do jornalismo ocorreu com textos opinativos e
fortemente ideológicos. No entanto, a prática jornalística tornou-se uma
atividade comercial que implicou uma ideia de neutralidade para abranger um
público consumidor mais diverso.
Na verdade, grande parte do fazer jornalístico relaciona-se
com a seleção de informações verdadeiras para compor uma notícia ou reportagem.
Isso quer dizer que é impossível explicar um fato ou acontecimento exatamente
como aconteceu, com todos os detalhes intrínsecos ao evento. Portanto, alguns
dos fatos investigados não estarão no texto publicado ou na reportagem
televisiva. Esta escolha
dos dados da edição final pode diferir de veículo para
veículo e, com isso, demonstrar diferentes olhares sobre um mesmo tema.
Isso ocorre porque o tempo de leitura de uma notícia ou de
uma telerreportagem é curto e um acontecimento de horas precisa ser resumido em
poucos minutos. Por isso, as matérias devem ser realizadas com objetividade.
Além disso, algumas linhas editoriais entendem certos detalhes como
importantes, enquanto outras podem ver os mesmos fatos como secundários.
Tais linhas editoriais têm grande influência no
encaminhamento de uma reportagem. O editor tem liberdade para excluir partes de
uma notícia, inserir dados verificados e alterar qualquer porção do material
entregue pelo jornalista, desde que não afete a veracidade das informações.
Muitas vezes, o jornalista necessita se enquadrar à linha
editorial para facilitar o processo de edição e para seguir os valores da
empresa jornalística para a qual trabalha. No entanto, isso não quer dizer que
as informações não são confiáveis. Mesmo existindo a imposição de um
determinado cunho textual, os dados precisam, necessariamente, ser verdadeiros
e sem apelo sensacionalista.
Cabe ao jornalista investigar com fontes diferentes e sempre
buscar versões diversas sobre um mesmo ocorrido. Tais fontes devem pautar todas
as informações de uma notícia. Essas informações podem ser números e dados
adquiridos de órgãos públicos, pesquisas, consultas com profissionais e
testemunhos.
Vale lembrar, no entanto, que testemunhas de acontecimentos
podem dar informações não verdadeiras ou extremamente enviesadas. Portanto, a
investigação deve sempre comparar tais relatos com outros dados ou outros
testemunhos.
Essa prática não garante imparcialidade, pois a escolha das
fontes também influencia no tom da reportagem, mas assegura o cumprimento de
dois valores que são a base do jornalismo: compromisso com a verdade e com o
interesse público.
Já a população que busca se informar também precisa se
atentar aos veículos que propagam notícias e sempre verificar se elas foram
publicadas e confirmadas em outros jornais confiáveis. Matérias compartilhadas
em redes sociais ou em aplicativos de mensagens instantâneas sempre devem ser
checadas, já que o acesso ilimitado a essas plataformas faz com que seja mais
simples a disseminação de informações falsas, criadas por qualquer pessoa e sem
qualquer tipo de investigação.
(Texto cedido pela autora para uso no material Currículo
em Ação, 2a série do EM, 3o bimestre)
Em duplas, discutam e respondam às questões, anotando no caderno as informações.
O texto que vocês acabaram de ler deve ser classificado
como pertencente ao gênero notícia ou ao gênero artigo de opinião? Por quê?
“O trabalho do jornalista é contribuir para uma
democracia forte”. Na opinião do grupo, como pode se dar essa contribuição?
Como a democracia pode ser enfraquecida?
R: Para termos uma democracia forte, a população precisa ter acesso a informações de qualidade, claras, objetivas e verdadeiras, e este é o papel do jornalista. A publicação de conteúdo tendencioso, fora de contexto ou falso pode levar as pessoas a percepções deturpadas da realidade e, consequentemente, a escolhas equivocadas, enfraquecendo, dessa forma, o processo democrático.
(2o parágrafo) “Dessa forma, o profissional fomentará o esclarecimento da população, fazendo com que esta possa tomar as melhores atitudes quanto aos acontecimentos e se manifestar contra ou a favor dos mesmos. Essencialmente, de acordo com o professor de jornalismo da USP, Dennis de Oliveira, o trabalho do jornalista é contribuir para uma democracia forte”.
Que tipo de argumento temos no parágrafo acima?
- De
Autoridade
- Por
exemplificação
- De princípio
- Por causa e consequência
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