sábado, 19 de agosto de 2023

Imparcialidade: o mito do jornalismo

 


Isabel Vernier

O jornalista tem como principal função fomentar o debate público com fatos. Hoje, percebemos a prevalência das crenças e das opiniões. No entanto, estes fatores são individuais e não devem prevalecer aos fatos e à verdade. Portanto, o jornalista deve fazer com que o público tenha acesso a informações verificadas que têm impacto nos âmbitos social e individual.

Dessa forma, o profissional fomentará o esclarecimento da população, fazendo com que esta possa tomar as melhores atitudes quanto aos acontecimentos e se manifestar contra ou a favor deles.

Essencialmente, de acordo com o professor de jornalismo da USP, Dennis de Oliveira, o trabalho do jornalista é contribuir para uma democracia forte.

Entretanto, segundo Oliveira, a imparcialidade ou neutralidade no jornalismo é uma idealização, pois é impossível de ser alcançada. O nascimento do jornalismo ocorreu com textos opinativos e fortemente ideológicos. No entanto, a prática jornalística tornou-se uma atividade comercial que implicou uma ideia de neutralidade para abranger um público consumidor mais diverso.

Na verdade, grande parte do fazer jornalístico relaciona-se com a seleção de informações verdadeiras para compor uma notícia ou reportagem. Isso quer dizer que é impossível explicar um fato ou acontecimento exatamente como aconteceu, com todos os detalhes intrínsecos ao evento. Portanto, alguns dos fatos investigados não estarão no texto publicado ou na reportagem televisiva. Esta escolha

dos dados da edição final pode diferir de veículo para veículo e, com isso, demonstrar diferentes olhares sobre um mesmo tema.

Isso ocorre porque o tempo de leitura de uma notícia ou de uma telerreportagem é curto e um acontecimento de horas precisa ser resumido em poucos minutos. Por isso, as matérias devem ser realizadas com objetividade. Além disso, algumas linhas editoriais entendem certos detalhes como importantes, enquanto outras podem ver os mesmos fatos como secundários.

Tais linhas editoriais têm grande influência no encaminhamento de uma reportagem. O editor tem liberdade para excluir partes de uma notícia, inserir dados verificados e alterar qualquer porção do material entregue pelo jornalista, desde que não afete a veracidade das informações.

Muitas vezes, o jornalista necessita se enquadrar à linha editorial para facilitar o processo de edição e para seguir os valores da empresa jornalística para a qual trabalha. No entanto, isso não quer dizer que as informações não são confiáveis. Mesmo existindo a imposição de um determinado cunho textual, os dados precisam, necessariamente, ser verdadeiros e sem apelo sensacionalista.

Cabe ao jornalista investigar com fontes diferentes e sempre buscar versões diversas sobre um mesmo ocorrido. Tais fontes devem pautar todas as informações de uma notícia. Essas informações podem ser números e dados adquiridos de órgãos públicos, pesquisas, consultas com profissionais e testemunhos.

Vale lembrar, no entanto, que testemunhas de acontecimentos podem dar informações não verdadeiras ou extremamente enviesadas. Portanto, a investigação deve sempre comparar tais relatos com outros dados ou outros testemunhos.

Essa prática não garante imparcialidade, pois a escolha das fontes também influencia no tom da reportagem, mas assegura o cumprimento de dois valores que são a base do jornalismo: compromisso com a verdade e com o interesse público.

Já a população que busca se informar também precisa se atentar aos veículos que propagam notícias e sempre verificar se elas foram publicadas e confirmadas em outros jornais confiáveis. Matérias compartilhadas em redes sociais ou em aplicativos de mensagens instantâneas sempre devem ser checadas, já que o acesso ilimitado a essas plataformas faz com que seja mais simples a disseminação de informações falsas, criadas por qualquer pessoa e sem qualquer tipo de investigação.

(Texto cedido pela autora para uso no material Currículo em Ação, 2a série do EM, 3o bimestre)

Em duplas, discutam e respondam às questões, anotando no caderno as informações.

O texto que vocês acabaram de ler deve ser classificado como pertencente ao gênero notícia ou ao gênero artigo de opinião? Por quê?

R: O texto pertence ao gênero artigo de opinião, pois, embora ele traga informações sobre vários fatos, é constituído, primordialmente, pelas opiniões da autora.


“O trabalho do jornalista é contribuir para uma democracia forte”. Na opinião do grupo, como pode se dar essa contribuição? Como a democracia pode ser enfraquecida?

R: Para termos uma democracia forte, a população precisa ter acesso a informações de qualidade, claras, objetivas e verdadeiras, e este é o papel do jornalista. A publicação de conteúdo tendencioso, fora de contexto ou falso pode levar as pessoas a percepções deturpadas da realidade e, consequentemente, a escolhas equivocadas, enfraquecendo, dessa forma, o processo democrático.

(2o parágrafo) “Dessa forma, o profissional fomentará o esclarecimento da população, fazendo com que esta possa tomar as melhores atitudes quanto aos acontecimentos e se manifestar contra ou a favor dos mesmos. Essencialmente, de acordo com o professor de jornalismo da USP, Dennis de Oliveira, o trabalho do jornalista é contribuir para uma democracia forte”.

Que tipo de argumento temos no parágrafo acima?

  1. De Autoridade
  2. Por exemplificação
  3. De princípio
  4. Por causa e consequência


Segundo o professor Dennis Oliveira, “a imparcialidade ou neutralidade no jornalismo é uma idealização, pois é impossível de ser alcançada”. Pesquisem e descrevam qual a diferença entre os dois termos (imparcial e neutro) destacados no contexto em que estão inseridos.

Neutro – Adjetivo. Que não toma partido em uma discussão, que não escolhe um dos lados; que não se posiciona nem a favor, nem contra; neutral.

Imparcial – Adjetivo. Que julga justamente; desprovido de parcialidade; sem preferência.

Mesmo não garantindo imparcialidade, a curadoria de fontes e informações é crucial para compreender os fatos. Segundo a autora, como podem ser buscadas essas informações? Quais valores precisam ser cumpridos na busca por elas?

R: Informações podem ser buscadas a partir de números e dados adquiridos de órgãos públicos, pesquisas, consultas com profissionais e testemunhos. Os valores, que devem ser buscados e que são a base do jornalismo, são o compromisso com a verdade e com o interesse público.

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