domingo, 3 de setembro de 2023

Poesia Parnasiana



A Poesia Parnasiana reflete o realismo poético, embora existam pontos discordantes entre os dois movimentos.

Na Poesia Parnasiana, a estética é traduzida pela "arte pela arte" ou, ainda, a "arte sobre a arte". É o movimento da perfeição literária.



Características da poesia parnasianaEndeusamento à forma perfeita
Rigidez dos versos
Postura anti-romântica
Objetividade Temática
Negação ao sentimentalismo
Impessoalidade
Impassibilidade
Descrições objetivas
Culto à arte da Antiguidade Clássica
Rima rica, rara e perfeita
Influências da poesia parnasiana

O Parnasianismo é um movimento literário surgido na França e tem como inspiração o Parnaso Contemporâneo, o monte grego consagrado a Apolo, deus da luz e das artes. O monte ainda é uma homenagem às musas mitológicas ligadas à arte.
A poesia parnasiana brasileira

A Poesia Parnasiana reflete a reação na literatura poética às grandes transformações ocorridas ao fim do século XIX e início do século XX. Essa mesma estética da perfeição inicia-se no ao fim da década de 1870.

Em 1878, os jornais cariocas passam a exibir o movimento que ficou conhecido como Batalha do Parnaso. O Parnasianismo perdura até a Semana de Arte Moderna de 1922.

A perfeição, contudo, não impõe a subjetividade. Ao contrário, a Poesia Parnasiana assume uma clara postura anti-romântica. Há o culto à forma, uma objetividade temática que surge tendo a negação ao sentimentalismo típico e claro do Romantismo.

A Poesia Parnasiana ainda incita a impessoalidade e a impassibilidade. O resultado ao abandono do subjetivismo, considerado decadente, é uma poesia universalista, tendo como marca descrições objetivas e impessoais.
Autores brasileiros parnasianos

Os autores brasileiros que assumem o modelo Parnasiano de maior destaque são Olavo Bilac, Raimundo Corrêa e Alberto de Oliveira. Juntos, formam a chamada Tríade Parnasiana.

Os autores ainda lançam mão do racionalismo e das formas perfeitas, típicas da Antiguidade Clássica. O resultado é uma poesia de meditação, com indução ao pensamento filosófico.

O culto à arte da Antiguidade Clássica também é marcante neste movimento. Assim, a forma fixa apresentada é a de sonetos tendo a métrica revelada por versos alexandrinos - que têm 12 sílabas - e os versos decassílabos perfeitos.

A rima deve ser rica, rara e perfeita, ou seja, há o endeusamento da forma. Tudo isso contrapondo-se aos versos livres e bancos.
Olavo Bilac (1865-1918)

Olavo Bilac é o único dos autores da Tríade Parnasiana a iniciar os trabalhos assumindo de maneira integral a estética da escola literária. Procurou, desde o início de seu trabalho a perfeição formal tão característica do movimento.




Bilac escrevia versos perfeitamente metrificados. Para Bilac, o poeta deve trabalhar a poesia pacientemente - como se fosse um monge beneditino - do mesmo modo que um ourives trabalha uma joia, buscando o relevo, a perfeição formal, servindo a Deusa Forma.

O autor lança mão de uma linguagem elaborada. É comum se valer de constantes inversões da estrutura gramatical, da busca um efeito poético mais rico para os padrões parnasianos.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.
Assim procedo. Minha pena
Segue essa norma.
Por te servir, Deusa Serena,
Serena Forma.





POEMA: PROFISSÃO DE FÉ - OLAVO BILAC - COM GABARITO

Poema: PROFISSÃO DE FÉ
Olavo Bilac



Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com Ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor.


Imito-o. E, pois nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.




Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.


Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.


Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.


Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:


E que o lavor do verso, acaso,
Por tão sutil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.


E horas sem conta passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.


Porque o escrever – tanta perícia,
Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.


Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
Olavo Bilac. Profissão de fé. In: Poesia. Rio de Janeiro: Agir, p. 39-40.
Entendendo o poema:
01 – O tema do poema é:
a) a exaltação do lavor poético.
b) a valorização da profissão do ourives.
c) a inveja despertada por algumas profissões.
d) a vocação para trabalhos artísticos.


02 – A linguagem utilizada no poema é:
a) simples b) apurada c) informal d) subjetiva.


03 – O eu lírico inveja o ourives devido:
a) a forma como ele trabalha.
b) ao material com o qual ele trabalha.
c) ao valor do produto que ele produz.
d) a beleza das peças criadas por ele.


04 – O sentimento de inveja que o ourives desperta no eu lírico o motiva a:
a) difamá-lo em seus versos.
b) seguir-lhe o exemplo.
c) ignorá-lo em seus versos.
d) elogiá-lo no poema.


05 – Revela a perfeição formal buscada pelo poeta os versos
a) “Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.”
b) “Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.”
c) “Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:”

d) “A pena, como em prata firme
Corre o cinzel."


06 – O poeta parnasiano tem a concepção de arte pela arte, distanciando-se da realidade. Percebemos esse distanciamento nos versos
a) “Porque o escrever – tanta perícia,
Tanta requer,”
b) “Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!”
c) “Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel”
d) “A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.”


07 – Do ponto de vista formal, o poema caracteriza-se pela regularidade métrica e rímica, observando aos critérios clássicos de beleza poética, seguidos pelos parnasianos. Justifique essa afirmação, mostrando o tipo de estrutura métrica e rímica que possui.
O poema possui versos alternadamente de 8 e de 4 sílabas métricas, e suas rimas são alternadas.


08 – Na primeira estrofe, desenvolve-se uma comparação que nos permite perceber a extrema importância da forma, para a poesia parnasiana. De que comparação se trata?
Trata-se da comparação entre o trabalho poético e o do ourives ou joalheiro.


09 – Os elementos estatísticos da poesia parnasiana destacados pela comparação citada referem-se à matéria-prima do trabalho – a linguagem – e também ao modo de executá-lo. Que passagem da 1ª estrofe pode ser relacionada com a precisão, a minúcia, a preocupação com os detalhes, típicas desse estilo?
A passagem é: “... Com que ele, em ouro, o alto relevo / Faz de uma flor.”


10 – Indique a estrofe que sintetiza o ideal normativo e esteticista do estilo parnasiano, deixando subentendido o sacrifício da dimensão conteudistica do poema.
É a última estrofe do fragmento escolhido.


11 – Que verbos da quarta estrofe exprimem o pressuposto parnasiano de que a criação literária é fundamentalmente um trabalho intelectual, um debruçar-se sobre a obra em busca da perfeição formal?

Os verbos são: torce, aprimora, alteia, lima e engasta.


https://armazemdetexto.blogspot.com/2019/01/poema-profissao-de-fe-olavo-bilac-com.html
https://www.todamateria.com.br/poesia-parnasiana/


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