terça-feira, 23 de maio de 2023

Fato x Opinião - Me Explica, Vai!

MATERIAL PARA AULA DE REVISÃO
NIVELAMENTO



FATO

Fato é determinado como um acontecimento, logo, pode ser comprovado de alguma maneira, seja através de documentos, números ou outra forma de registro. Desse modo, fato é uma ocorrência, aquilo que acontece em decorrência de eventos exteriores.

Veja um exemplo:
“A médica Fernanda prescreveu um remédio ao paciente.”

Logo, o exemplo acima revela uma atitude praticada pela médica. O narrador não deu nenhuma opinião sobre o fato apresentado.

OPINIÃO

A opinião é um ponto de vista a respeito de um determinado fato. Ela não é, portanto, um acontecimento. Trata-se de um julgamento pessoal, de um pensamento em relação a algo, é uma maneira de pensar.

Veja um exemplo:
“A médica Fernanda prescreveu um remédio muito caro ao paciente.”

Observe nesse último exemplo que a expressão “muito caro” trata-se de uma opinião relativa ao fato de a médica Fernanda ter prescrito um remédio ao paciente. Essa prescrição aconteceu, é um fato. No entanto, o autor da frase tem uma opinião específica sobre o fato: o remédio é muito caro. Outras pessoas podem ter opiniões diferentes a respeito desse mesmo fato, como: “A médica Fernanda prescreveu um remédio de preço acessível ao paciente.” 

FATO

Fato é determinado como um acontecimento, logo, pode ser comprovado de alguma maneira, seja através de documentos, números ou outra forma de registro. Desse modo, fato é uma ocorrência, aquilo que acontece em decorrência de eventos exteriores.

Veja um exemplo:
“A médica Fernanda prescreveu um remédio ao paciente.”

Logo, o exemplo acima revela uma atitude praticada pela médica. O narrador não deu nenhuma opinião sobre o fato apresentado.

OPINIÃO

A opinião é um ponto de vista a respeito de um determinado fato. Ela não é, portanto, um acontecimento. Trata-se de um julgamento pessoal, de um pensamento em relação a algo, é uma maneira de pensar.

Veja um exemplo:
“A médica Fernanda prescreveu um remédio muito caro ao paciente.”

Observe nesse último exemplo que a expressão “muito caro” trata-se de uma opinião relativa ao fato de a médica Fernanda ter prescrito um remédio ao paciente. Essa prescrição aconteceu, é um fato. No entanto, o autor da frase tem uma opinião específica sobre o fato: o remédio é muito caro. Outras pessoas podem ter opiniões diferentes a respeito desse mesmo fato, como: “A médica Fernanda prescreveu um remédio de preço acessível ao paciente.” 

ATIVIDADE SOBRE O QUE VOCÊ APRENDEU

1. Leia as frases abaixo retiradas de textos e coloque (F) para FATO ou (O) para OPINIÃO.

a. (   ) De um modo geral, as biografias contam sobre a vida de alguém.
b. (   ) Como é bom saber mais sobre a Carmem Miranda e ouvir suas músicas.
c. (   ) O vírus pode se espalhar pela boca ou pelo nariz de uma pessoa infectada.
d. (  ) A maioria das pessoas que adoece em decorrência da COVID-19 apresenta sintomas leves a moderados.
e. (   ) O vírus do Coronavírus é um fato triste que assusta os brasileiros.
f. (   ) O primeiro dia do programa Mais Médicos foi marcado por faltas e desistências.
g. (   ) A agricultura é mais importante do que a pecuária.
h. (   ) A internet é o maior arquivo público do mundo.
i. (   ) A borboleta da praia é uma espécie endêmica no estado do Rio de Janeiro.
j. (   ) A soneca é ótima para quem vai trabalhar à tarde.



O VELHO, O MENINO E O BURRO

      Um velho e um menino seguiam pela estrada montados num burro. Pelo caminho, as pessoas com as quais cruzavam diziam:
         – Que crueldade a desses dois! Querem matar o burro!
      O velho, impressionadíssimo com os comentários, mandou o menino descer. Mais adiante, outras pessoas, observando a cena, diziam:
         – Que velho malvado, refestelado no burro, e o menino, coitado, andando a pé!
     O velho, então, desceu do burro e mandou o menino montar. Daí a pouco, outras pessoas, vendo a cena, comentaram:
  – Onde já se viu coisa igual? Um menino cheio de vida, montado no burro, e o velho a caminhar pela estrada!
       Depois dessa, o velho não teve dúvidas. Mandou o menino descer e ambos, com esforço, passaram a carregar o burro.
      Está claro que os comentários não se fizeram demorar, e desta vez seguidos de gargalhadas. Evidentemente, todo o mundo estranhava os dois carregarem o burro.

La Fontaine

2. O que determinou a mudança de comportamento do velho enquanto seguia pela estrada?
a) O fato de o burro está cansado e triste.
b) A opinião que as pessoas expressavam.
c) O relato do menino sobre a cena do burro.
d) A opinião do velho sobre o burro e o menino.

3. Retire do texto 3 (três) frases que apresentam opinião.
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4. Retire do texto 3 (três) frases que sejam fato.
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5. Para cada um dos fatos listados, posicione-se e emita uma opinião:

a) Motorista alcoolizado provoca acidente ao sair de uma festa em São Paulo.
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b) A Assembleia Legislativa do estado de São Paulo aprovou, em outubro de 2017, a proposta que permite o uso de celulares em sala de aula.
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c) O Presidente da República sancionou a lei que aumenta a validade da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) para dez anos. 
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d) Rio de Janeiro mantém uso obrigatório de máscara em locais fechados.
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Leia o texto e resolva à questão:

CIDADANIA, DIREITO DE TER DIREITOS

Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. [...] Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento está o respeito à coisa pública. [...] Foi uma conquista dura. Muita gente lutou e morreu para que tivéssemos o direito de votar.

DIMENSTEIN, Gilberto.

6. O trecho que indica uma opinião é:
a) “Há detalhes que parecem insignificantes...”
b) “Muita gente lutou e morreu...”
c) “... respeitar o sinal vermelho no trânsito...”
d) “... para que tivéssemos o direito de votar.”

7. O trecho que indica uma opinião em relação à cidadania é
a) ...“é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la...”.
b) ... “Foi uma conquista dura. ”
c) ...“revelam estágios de cidadania...”
d) ...“É poder votar em quem quiser...”.

Leia o texto e resolva à questão: 

TRINDADE TERÁ SISTEMA HÍBRIDO

Dependendo das condições climáticas, a energia eólica é muito indicada para regiões de acesso restrito, e, por isso, com menores demandas – como as ilhas. Seguindo esta linha, o CEPEL, juntamente com a Eletrobrás, a melhor empresa de energia elétrica do mundo, e a Marinha do Brasil, desenvolvem, desde 2005, projeto de instalação de fontes alternativas na ilha de Trindade, no litoral do Espírito Santo. A ideia é implantar um sistema híbrido de energia solar e eólica com capacidade para gerar 120kW, o suficiente para reduzir de 60 mil para 2 mil litros o consumo anual de óleo diesel na ilha, que atualmente é atendida por geradores movidos a óleo.

Jornal do Brasil. 27 jul. 2007 (Adaptado). 

8. Há uma opinião em:
a) “... com a Eletrobrás, a melhor empresa de energia elétrica do mundo...”
b) “... desenvolvem, desde 2005, projeto de instalação de fontes alternativas...”
c) a ilha de Trindade precisa ser alimentada por óleo diesel.
d) a ilha de Trindade fica a 1.200 quilômetros da costa.

Leia o texto e resolva à questão.

TÍMIDA DE 18 ANOS DÁ PRIMEIRO BEIJO E MORRE MINUTOS DEPOIS

     Jemma Benjamin, 18 anos, elegeu o colega de universidade Daniel Ross, de 21, para dar seu primeiro beijo na vida, marcando o início do namoro dos dois, porém, minutos depois do beijo, a jovem muito tímida morreu de forma fulminante no sofá da casa de Daniel, em Treforest, Inglaterra.
    A jovem, que praticava natação e era uma atleta exemplar do time de hóquei de uma excelente universidade, sofria de uma condição cardíaca rara – síndrome da morte súbita por arritmia. Daniel chamou socorro e tentou reanimar a namorada, mas não obteve sucesso. Os médicos disseram que ele nada podia fazer.
O casal se conhecia há três meses e o primeiro beijo era muito aguardado. Jemma não tinha histórico de problemas cardíacos, segundo reportagem do “Daily Mail”. O caso aconteceu em 2009, mas os detalhes só foram revelados agora pelo inquérito que apurou a morte.

(G1) Texto adaptado.

9. A expressão do texto abaixo que apresenta um FATO é:
a) “excelente universidade”
b) “muito tímida”
c) “atleta exemplar”
d) “cardíaca rara”

10. As frases abaixo apresentam FATO e OPINIÃO. Separe cada uma delas, indicando qual é o fato e qual é a opinião:

a) O Toyota Corolla Cross é vendido a partir de 150 mil reais. Ele é mais bonito que o Jeep Compass.

FATO:
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OPINIÃO: 
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b) Marília Mendonça era uma cantora brasileira de sucesso. Infelizmente faleceu muito cedo. 

FATO: 
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OPINIÃO: 
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c) Os produtos daquela loja devem ser muito bons, pois são vendidos sempre com promoção. 

FATO: 
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OPINIÃO: 
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d) Aquela notícia só deve ser verdade, uma vez que muitos compartilharam no Facebook. 

FATO: 
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OPINIÃO: 
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e) O iPhone 12 é o celular mais vendido do mundo em 2021, portanto, ele é melhor que Galaxy A22.

FATO: 
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OPINIÃO: 
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11. Escreva uma opinião sobre as imagens abaixo:

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12. Leia o texto abaixo e responda.

O pai telefona para casa:

– Alô?
– ...
Reconhece o silêncio da tipinha. Você liga? Quem fala é você.
– Alô, fofinha.
Nem um som. Criança não é para ser chamada fofinha. Cinco anos, já viu.
– Oi, filha. Sabe que eu te amo?
– Eu também.
“Puxa, ela nunca disse que me amava”.
– Também o quê?
– Eu também amo eu.

Em qual dos trechos desse texto está expressa a opinião do narrador?
a) “Reconhece o silêncio da tipinha.”.
b) “Criança não é para ser chamada de fofinha.”.
c) “– Oi filha. Sabe que eu te amo?”.
d) “‘Puxa, ela nunca disse que me amava’”.

13. Leia o texto abaixo.
 
ZAP
Não faz muito que temos esta nova TV com controle remoto, mas devo dizer que se trata agora de um instrumento sem o qual eu não saberia viver. Passo os dias sentado na velha poltrona, mudando de um canal para outro – uma tarefa que antes exigia certa movimentação, mas que agora ficou muito fácil. Estou num canal, não gosto – zap, mudo para outro. Não gosto de novo – zap, mudo de novo. Eu gostaria de ganhar em dólar num mês o número de vezes que você troca de canal em uma hora, diz minha mãe. Trata-se de uma pretensão fantasiosa, mas pelo menos indica disposição para o humor, admirável nessa mulher.

SCLIAR, Moacyr.

Nesse texto, o narrador emite uma opinião sobre o controle remoto no trecho:
a) “Não faz muito que temos esta nova TV com controle remoto,...”.
b) “Passo os dias [...], mudando de um canal para outro...”.
c) “... se trata agora de um instrumento sem o qual eu não saberia viver.”.
d) “... uma tarefa que [...] agora ficou muito fácil.”.









 

domingo, 21 de maio de 2023

Madame Bovary



Resumo:



"Madame Bovary" é um romance escrito por Gustave Flaubert e publicado pela primeira vez em 1856. A história se passa na França do século XIX e acompanha a vida de Emma Bovary, uma jovem mulher casada com Charles Bovary, um médico de uma pequena cidade.

Insatisfeita com a monotonia de sua vida e com o casamento sem paixão, Emma se entrega à leitura de romances românticos e sonha com uma vida repleta de aventuras e emoções. Ela anseia por um amor ardente e por um estilo de vida luxuoso, muito diferente de sua realidade.

Emma começa a se envolver em relacionamentos extraconjugais com dois amantes diferentes: o sedutor Rodolphe e o ambicioso Leon. No entanto, esses relacionamentos não conseguem preencher o vazio emocional de Emma e ela acaba se afundando em dívidas e desespero.

Ao longo da narrativa, Flaubert descreve meticulosamente a sociedade provinciana da época e revela a hipocrisia, o vazio e a insatisfação subjacentes à vida de Emma. Sua busca por uma vida mais emocionante e apaixonada leva ao seu declínio e à ruína financeira de sua família.

No final, Emma enfrenta a tragédia e suas consequências, culminando em um desfecho trágico. "Madame Bovary" é amplamente considerado como uma das obras-primas do realismo literário e é conhecido por sua escrita detalhada e pela análise profunda dos personagens e da sociedade da época.

Atividade da Apostila:





a) A personagem acreditava que, com o casamento, teria felicidade plena, uma vida matrimonial repleta de emoções e que participaria dos movimentos sociais organizados pela classe burguesa.

b) O termo destacado pode ser substituído, sem alteração do sentido, pelos conectivos: tal qual; assim como.

c) Ao estabelecer esse paralelo, o narrador demonstra que ambos buscam a salvação, encontrar o caminho, o rumo que tanto desejam e que lhes trará felicidade e alívio. Nesse trecho foi utilizada a figura de linguagem COMPARAÇÃO.


2 - Nesse trecho, é possível observar o descontentamento e a infelicidade de Emma diante da expectativa de participar de grandes bailes promovidos pelos expressivos abastados da alta sociedade.

3- Trata-se de dois textos literários. O primeiro, romance brasileiro, e o segundo, romance francês, produzidos em contextos diferentes, retratam realidades da sociedade burguesa, os enredos transcorrem no ambiente urbano e parte no campo. As personagens, D. Carolina e Emma, até certo ponto, podem ser consideradas românticas, tendo em vista que fantasiavam um mundo de amor, de perfeição, no entanto, se diferem quanto aos comportamentos: D. Carolina sonha e vive esse amor, por outro lado, Emma sonha com uma vida bem diferente da sua. Essa última, não conformada, começa a ter comportamentos e atitudes não condizentes com a época. Passa por um choque de realidade, a infelicidade se instaura, conduzindo-a para caminhos bem diferentes do ideal romântico.




segunda-feira, 15 de maio de 2023

Gênero Anúncio Publicitário

Habilidade da área:

EM13LGG102 - Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes  nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade.


 Interpretar diferentes modelos de anúncio publicitário; 

● Reconhecer a linguagem verbal e a não verbal presentes em um anúncio publicitário; 

● Reconhecer e familiarizar-se com elementos de persuasão.




1. A mensagem que a campanha “Voto ético” quer passar é a de que:
a. O voto ético leva a uma sociedade mais justa, igualitária e estruturada. 
b. O voto ético vai te fazer sentir feliz pela sensação de dever cumprido, não importando os demais.
c. Você pode ser beneficiado com alguma promessa de campanha para você ou sua família. 
d. É que o importante é votar sem esperar nada em troca nem se preocupar em que candidato.

2. O slogan deste anúncio é: 
a. “O voto pode dar a você uma vida melhor”. 
b. “Ao votar, você está escolhendo, não apenas o candidato, mas também o seu futuro”. 
c. “Voto ético, futuro melhor para minha cidade”. 
d. “O voto ético é o voto a favor de uma vida melhor para você e para a sua cidade”. 

3. Que tipo de linguagem temos neste anúncio?

4. Analise o verbo da oração a seguir e indique o modo verbal correto: “O voto ético é o voto a favor de uma vida melhor para você e para a sua cidade” 
a. Subjuntivo 
b. Indicativo 
c. Imperativo 
d. Não há verbo nesta sentença. 

5. Qual é o público-alvo deste anúncio publicitário?


Questão 1 – resposta A 
Questão 2 – resposta C 
Questão 3 – linguagem mista 
 Questão 4 – resposta B 
Questão 5 – jovens a partir de 16 anos e adultos, ou seja, o público que vota. 




segunda-feira, 8 de maio de 2023

REALISMO


O realismo foi um movimento literário e artístico que teve início em meados do século XIX, na França.

Como o próprio nome sugere, essa manifestação cultural significou um olhar mais realista e objetivo sobre a existência e as relações humanas, surgindo como oposição ao romantismo e sua visão idealizada da vida.

A vertente se manifestou principalmente na literatura, sendo seu marco inicial o romance realista Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857.

Entretanto, é possível encontrar também nas artes visuais, sobretudo na pintura, obras de cunho realista. Foram artistas de destaque Gustav Courbet, na França, e Almeida Junior, no Brasil.

O movimento se estendeu para várias partes do mundo e teve espaço em solo brasileiro, principalmente na literatura de Machado de Assis.

Características do movimento realista

As principais características da escola realista são:
  • oposição ao romantismo;
  • objetividade, trazendo cenas e situações de forma direta;
  • caráter descritivo;
  • análise de traços de personalidade e da psique das personagens;
  • tom crítico sobre as instituições e a sociedade, sobretudo a elite;
  • exibição de falhas de caráter, derrotas pessoais e comportamentos duvidosos;
  • interesse em incitar questionamentos no público;
  • valorização da coletividade;
  • valorização de conhecimentos científicos propostos em teorias como o Darwinismo, Socialismo Utópico e Científico, Positivismo, Evolucionismo;
  • enfoque em temas contemporâneos e cotidianos;
  • na literatura desenvolveu-se mais intensamente na prosa e no conto;
  • caráter de denúncia social.

As características citadas contemplam principalmente a escola literária realista. Entretanto, a mesma atmosfera objetiva e crítica foi retratada nas outras linguagens da arte, como na pintura realista..

Contexto histórico do realismo

O contexto histórico e social no período do realismo foi bastante conturbado. Foi uma época de grandes transformações que revolucionaram a forma das pessoas se relacionarem e entenderem a realidade ao seu redor.

O modelo capitalista se intensificou e a classe burguesa passou a ter maior poder de decisão, gerando um aprofundamento das desigualdades sociais, com maior exploração da classe trabalhadora, exposta a longas jornadas de trabalho.

É quando ocorre a Segunda Revolução Industrial e o crescimento da urbanização, assim como da poluição nas grandes cidades e demais problemas urbanos.

Soma-se a esse cenário avanços tecnológicos importantes, como a lâmpada e o carro movido à gasolina.

É ainda nesse contexto que surgem teorias científicas que objetivavam interpretar e explicar o mundo, como o Evolucionismo de Darwin e o Positivismo de Auguste Comte.

Assim, os pensadores da época, artistas e escritores, são influenciados pelos acontecimentos ao redor e pelos anseios da sociedade.

O movimento realista reflete seu tempo, na busca por uma linguagem mais clara e verossímil, ao passo que questiona os princípios e padrões burgueses.

Vale destacar que a vertente surge também como um contraponto ao romantismo, movimento vigente que trazia o individualismo e a idealização da realidade como características marcantes.

Realismo literário

O movimento realista têm origem na literatura com o lançamento do romance inaugural do realismo, Madame Bovary, de Gustave Flaubert em 1857, na França.

A obra teve destaque na época, sendo considerada um ícone da literatura francesa. Flaubert inovou na narrativa ao expor um casamento infeliz, questionando a idealização romântica e trazendo assuntos polêmicos, como o adultério e o suicídio.

Na França, além de Flaubert, teve destaque Emile Zola, com a obra Les Rougon-Macquart (1871).

Essa nova forma de enxergar e retratar a realidade disseminou-se por outros países.

Em Portugal, Eça de Queiroz destaca-se como escritor realista, com O Primo Basílio (1878) e O crime do Padre Amaro (1875).

Em solo britânico, temos a escritora Mary Ann Evans, que sob o pesudônimo de George Eliot, escreveu algumas obras realistas, como Middlemarch (1871). Há ainda Henry James, autor de Retrato de uma Senhora (1881).

Na Rússia, são muito reconhecidos os escritores realistas Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e Anton Tchekhov.

Eles produziram obras icônicas da literatura mundial como Crime e Castigo (1866), de Dostoiévski, Anna Karenina (1877), de Tolstoi e As três irmãs (1901) de Tchekhov.

Influenciados pelo movimento europeu, o realismo estende-se também para as terras brasileiras.

Realismo no Brasil

No Brasil, o realismo surge durante do Segundo Reinado de Dom Pedro II como uma maneira de criticar a sociedade burguesa e a monarquia, expondo contradições e desigualdades sociais.

Isso porque, foi o período em que ocorre a abolição da escravatura, a chegada de imigrantes e diversos avanços tecnológicos.

Assim, é na figura de Machado de Assis que o movimento ganha seu maior representante nacional.

A publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881, foi o marco do movimento no país, sendo considerado o primeiro romance realista brasileiro.

Autores e obras realistas brasileiras

Machado de Assis (1839-1908)

Machado de Assis foi um escritor negro nascido em Livramento, no Rio de Janeiro. Vindo de uma família humilde, Machado de Assis estudou por conta própria e tornou-se um dos escritores de maior reconhecimento do país.

Além de romancista, Machado de Assis também foi crítico literário, jornalista, poeta, cronista e um dos fundadores da Academia brasileira de Letras.

Teve uma carreira fértil na literatura, produzindo diversas obras importantes, com destaque para Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Raul Pompeia (1863-1895)

Raul D’Ávila Pompeia foi escritor, jornalista e professor. Publicou em 1880 a obra Uma tragédia no Amazonas, seu primeiro romance. Mas foi com O ateneu, em 1888, que o autor ganha destaque no realismo.

Pompeia foi um homem de princípios, defensor da abolição da escravatura e das causas republicanas. Deixava transparecer seus ideais em seus textos realistas, o que acabou por causar grande polêmica.

Com uma vida conturbada, Raul de Pompeia comete suicídio aos 32 anos em 1895.

Visconde de Taunay (1843-1899)

Visconde de Taunay, cujo nome de batismo era Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay, foi um escritor, militar e político brasileiro.

Filho de família aristocrata, era defensor da monarquia e teve o título de Visconde concedido por D. Pedro II, em 1889.

Mesclando aspectos do romantismo e do realismo, a obra Inocência (1872) é a mais conhecida de Taunay.

Leia tambémRealismo no Brasil.

Realismo em Portugal

Em Portugal, a vertente se consolidou através de um episódio conhecido como Questão Coimbrã, ocorrido em 1865.

Havia um clima de disputa entre os escritores do romantismo e novos autores que buscavam outra leitura da realidade.

O escritor Feliciano de Castilho, que se identificava como romântico, escreveu em uma carta duras críticas a autores da nova geração que estudavam na Universidade de Coimbra, como Antero de Quental, Vieira de Castro e Teófilo Braga.

Castilho afirmou que os colegas não possuíam “bom senso e bom gosto”, devida à maneira oposta a dos românticos de se expressar. Por conta disso, Antero de Quental decide escrever uma obra que leva justamente o título Bom senso e bom gosto, lançada no mesmo ano de 1865.

A partir de então, o texto de Quental em resposta a Feliciano de Castilho torna-se um marco na literatura realista portuguesa e o movimento passa a ter destaque no país.

Um nome essencial quando se fala em realismo português é Eça de Queiroz, autor dos romances O Primo Basílio (1878), O Mandarim (1879), Os Maias (1888).

Realismo na Arte

Nas artes plásticas, sobretudo na pintura, o movimento realista também floresceu, ainda que em menor intensidade.

Gustav Coubert (1819-1877) foi um dos artistas que utilizou a pintura como forma de expressar suas ideias e concepções realistas. O francês abordava em suas telas cenas de trabalho, buscando a denúncia social.

Outro pintor francês de destaque na arte realista foi Jean-François Millet (1814-1875), que também se valia do universo do trabalho, principalmente do campo, como inspiração para sua pintura. Millet carregava em suas telas uma atmosfera poética que dava voz aos camponeses.

Angelus, pintura do realista Jean-François Millet exibe um casal de camponeses no campo
Angelus (1858), pintura realista de Jean-François Millet

No Brasil, o artista do realismo que ganhou mais destaque foi Almeida Junior, responsável por telas importantes como Caipira picando fumo (1893), O Violeiro (1899) e Saudade (1899).

Romantismo, realismo e naturalismo

romantismo foi a vertente cultural já acorria antes do realismo. Nela, a visão de mundo era idealizada, fantasiosa e subjetiva. A linguagem empregada era metafórica e evasiva, com a valorização do sentimento e emoção.

realismo, vertente que surge como oposição ao romantismo, a linguagem é culta e direta, mas ainda assim detalhando com precisão cenas e personagens. Tem a intenção de retratar o mundo como ele é, explicando o ser humano objetivamente e sem ilusões.

Já o naturalismo é um movimento que desponta como um aprofundamento de realismo, trazendo linguagem simplificada, representando tipos humanos animalizados e patológicos. Busca o engajamento social e o cientificismo.

Muitas vezes realismo e naturalismo surgem em uma mesma obra literária.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

ANÁLISE DO CONTO A CARTEIRA - DE MACHADO DE ASSIS


 O conto – A CARTEIRA – gira em torno do personagem Honório – um advogado de 34 anos - endividado e casado com dona Amélia – com quem tem uma filha de dois anos. Em casa, gosta de receber a visita do amigo Gustavo – que também é advogado.  Honório ficou endividado, porque começou a gastar tudo o que tinha com a família, mais precisamente, com a esposa – que sempre se dizia viver solitária e entediada.
 Diante desse contexto, decidiu pedir dinheiro a um agiota para pagar uma de suas dívidas. No caminho, encontrou uma carteira com dinheiro suficiente para quitar os quatrocentos e tantos mil reis que devia.    A partir desse momento, o leitor é convidado  a conhecer as inquietações que povoam a mente de Honório em devolver ou não  a carteira ao seu verdadeiro dono - Gustavo - seu amigo. 
Para entender isso, é preciso conhecer a origem do nome do protagonista e a sociedade daquela época, uma vez que na literatura isso tem muita importância. O nome Honório significa homem honrado - aquele que possui boa reputação - e de certa forma, condiz com o perfil do personagem, que se vê num dilema moral: entregar ou não a carteira ao amigo. No entanto, a sociedade de 1884 é a mesma de hoje - com exceção de algumas pessoas - cheia de criaturas vazias, hipócritas e solitárias que valorizam a aparência e a reputação superficial. “A traição que sempre foi condenada, se concretiza a portas fechadas - entre Gustavo e a esposa de Honório. 
Honório chega à sua casa, entrega à carteira ao amigo, porque o seu caráter o obrigava a fazer isso, porém vê que há algo errado.  Pensa que tem a ver com a situação, mas, na verdade, sua esposa o traia com Gustavo. Quando o protagonista está na cozinha, vê o amigo entregando à mulher um bilhetinho de amor. Essa pega, rapidamente, o papel da mão do amante e o rasga.  Observa-se aqui, a sordidez dessa mulher, que nas horas vagas, traia o marido com o melhor amigo. "Gustavo – o amigo da onça" – sabia da situação de Honório – apesar da narrativa mostrar o oposto. Por fim, é possível o leitor visualizar abismado a vitória do mal sobre o bem, pois foi por pouco que a verdade não veio à tona.
O conto, portanto, reflete a realidade, não só de uma sociedade pretérita, como também da contemporânea, uma vez que há aqueles que  valorizam mais a aparência e a reputação superficial ( como foi o caso da senhora Amélia) do que a honestidade e a simplicidade ( de um homem como Honório que - mesmo diante da situação difícil - decidiu devolver a carteira a Gustavo). 



Autor: professor Edwilson Bezerra
Graduado e Pós-graduado em Língua Portuguesa/Literatura
https://sonspalavrascontexto.blogspot.com/

terça-feira, 2 de maio de 2023

A Carteira Machado de Assis ...

Agora, vamos ler um conto de Machado de Assis. Atenção, os sinais gráficos [...] indicam que uma pequena parte foi suprimida, para caber nesta atividade. 

                                           A CARTEIRA 

                                                                              (Machado de Assis) 


DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo: 

— Olhe, se não dá por ela, perdia-a de uma vez. 

— É verdade, concordou Honório envergonhado.

   Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta coisa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem. Foco no conteúdo —Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar da casa. 

— Agora vou, mentiu o Honório. A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, com que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais. 

D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele [...]; depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.

 Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era. 

— Nada, nada. [...] 

 A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; [...] meteu no bolso, e foi andando. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembleia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. 

[...] Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. 

 Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo. 

 Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinquenta e vinte; calculou uns setecentos mil-réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. 

Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la. [...] “Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar me do dinheiro,” pensou ele. 

 Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dois cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele. A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. [...] “Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer.” 

 Chegando à casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado e a própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa. — Nada. — Nada? — Por quê? — Mete a mão no bolso; não te falta nada? — Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a achou? — Achei-a eu, disse Honório entregando-lha. Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. 

 Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu lhe as explicações precisas. — Mas conheceste-a? — Não; achei os teus bilhetes de visita. Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor. 

(Adaptado para este material) 

Aulas 13 e 14

 Elementos da conclusão do discurso Reconhecer os elementos da conclusão de um discurso;  Delimitar a conclusão de um discurso. “A primeira ...