segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Pronomes relativos

Pronomes relativos são os pronomes que se referem a um termo anterior. Os pronomes relativos são: que, quem, onde, o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja, cujas, quanto, quantos, quantas.

Exemplo:

Essa é a lista dos documentos. Os documentos foram destruídos.
Essa é a lista dos documentos que foram destruídos.

Neste exemplo, o pronome que se refere aos documentos, ou seja, é relativo à palavra "documentos" e, por isso, é um pronome relativo.

O uso dos pronomes relativos deixa os textos menos repetitivos, além de ligar as ideias de forma mais eficiente.Dentre os pronomes relativos, o pronome que é, sem dúvida, o mais utilizado. É por esse motivo que ele é conhecido como “pronome relativo universal”.

Invariáveis - que, quem , onde.

Variáveis - o qual, os quais,  a qual, as quais, cujo, cujos, cuja, cujas, quanto, quantos, quanta.

Exemplos de frases com pronomes relativos

Que, o qual, os quais, a qual, as quais:

  • E você era a princesa que eu fiz coroar. (Chico Buarque)
  • Os temas sobre os quais falamos são bastante complexos.
  • A Carta de Caminha, a qual inaugura a literatura no Brasil, foi redigida no dia 1º de maio de 1500.

Quem, cujo, cujos, cuja, cujas:

  • Ela era minha professora, a quem admirei ao longo do meu percurso.
  • O funcionário, cujo currículo desconheço, foi promovido.
  • Os trabalhos, cujas interpretações não tenham sido feitas, serão prejudicados.

Quanto, quantos, quantas:

  • Comeu tudo quanto tinha vontade.
  • Trouxe todos os livros quantos conseguiu.
  • Farei tantas exigências quantas forem necessárias.

Onde:

  • O lugar é ali onde eu informei.
  • Não sei onde comprar o livro.
  • Esta é a casa onde passei a minha infância.

A palavra "quando" também é um pronome relativo que exprime noção de tempo:

É a hora quando eu consigo parar para pensar.

Função sintática do pronome relativo

Os pronomes relativos podem desempenhar as funções de: sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, adjunto adnominal, complemento nominal, adjunto adverbial e agente da passiva.

Pronome relativo com função de sujeito: A esperança é a última que morre. (o pronome que se refere à palavra "esperança", que é o sujeito da oração)

Pronome relativo com função de objeto direto: Os livros que eu comprei são muito bons. (o pronome que se refere à palavra "livros", que é o objeto direto da oração)

Pronome relativo com função de objeto indireto: Gosto da música que ele canta. (o pronome que se refere à palavra "música", que é o objeto indireto da oração)

Pronome relativo com função de predicativo: Ainda pequena, ela se tornou a grande mulher que é hoje. (o pronome que se refere ao predicativo do sujeito "a grande mulher" desta oração)

Pronome relativo com função de adjunto adnominal: O escritor de cujas crônicas gosto muito vem à escola hoje. (o pronome cujas é adjunto adnominal da palavra "crônicas")

Pronome relativo com função de complemento nominal: Tenho a impressão de que estou atrasado. (o pronome que se refere à palavra "impressão", que é um nome e precisa de um complemento (impressão de quê?), por isso, o pronome tem a função de complemento nominal da oração)

Pronome relativo com função de adjunto adverbial: Fui à praia onde costumava ir. (o pronome onde, que se refere à palavra "praia", é adjunto adverbial da oração)

Pronome relativo com função de agente da passiva: Faz tudo por quem é amado. (o pronome quem, que se refere à palavra "amado", é agente da passiva da oração)


Exercícios sobre pronomes relativos

1. (FIUBE-MG) Assinale o item em que não aparece pronome relativo:

a) O que queres não está aqui.
b) Temos que estudar mais.
c) A estrada por que passei é estreita.
d) A prova que faço não é difícil.
e) A festa a que assisti foi ótima.


2. (UEPG-PR) Assinale a alternativa em que a palavra onde funciona como pronome relativo:

a) Não sei onde eles estão.
b) "Onde estás que não respondes?"
c) A instituição onde estudo é a UEPG.
d) Ele me deixou onde está a catedral.
e) Pergunto onde ele conheceu esta teoria.

3. (Fuvest) Conheci que (1) Madalena era boa em demasia... A culpa foi desta vida agreste que (2) me deu uma alma agreste. Procuro recordar o que (3) dizíamos. Terá realmente piado a coruja? Será a mesma que (4) piava há dois anos? Esqueço que (5) eles me deixaram e que (6) esta casa está quase deserta.

Nas frases acima o que aparece seis vezes; em três delas é pronome relativo. Quais?

a) 1, 2, 4
b) 2, 4, 6
c) 3, 4 , 5
d) 2, 3, 4
e) 2, 3, 5



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Trovadorismo

 O Trovadorismo, também chamado de Primeira Época Medieval, é o período que se estende de 1189 (ou 1198) até 1434.

Em Portugal, esse movimento literário tem início com a Canção Ribeirinha, escrita por Paio Soares de Taveirós. Ele termina com a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista da Torre do Tombo.

A cultura trovadoresca, surgida entre os séculos XI e XII, reflete bem o momento histórico que caracteriza o período. Nele, temos a Europa cristã e a organização das Cruzadas em direção ao Oriente.

Alguns fatores que merecem destaque na Península Ibérica são:

  • a luta dos cristãos contra os mouros para conquistar o território da Península Ibérica;
  • o poder descentralizado na sociedade feudal, onde os reis e os senhores feudais detinham o poder;
  • o compromisso de fidelidade selado entre os nobres do período feudal, chamado de suserania e vassalagem;
  • o poder espiritual concentrado nas mãos do clero, responsável pelo pensamento teocêntrico (Deus no centro de todas as coisas).

Características do Trovadorismo




O trovadorismo foi o primeiro movimento literário europeu (séculos XI a XIV) que se caracterizou pela união da música e da poesia com a produção de cantigas líricas (com foco em sentimentos e emoções) e satíricas (com críticas diretas ou indiretas).

Como principais características do trovadorismo, temos:

1. Forte relação da música e a poesia

No trovadorismo, grande parte dos textos eram produzidos para serem cantados e acompanhados de instrumentos musicais (viola, flauta e alaúde). Isso porque, na Idade Média, a maior parte pessoas não sabiam ler e escrever.

Sendo assim, as poesias cantadas (cantigas) eram memorizadas e recitadas para os nobres que viviam na corte e também para pessoas comuns, por exemplo, nos mercados medievais.

2. Presença de trovadores, jograis e menestréis

Os autores das cantigas, que faziam trovas e rimas, eram conhecidos como “trovadores”, daí o nome do movimento. De maneira geral, os trovadores eram homens pertencentes à nobreza ou ao Clero.

Além dele, haviam os “jograis” e os “menestréis”. Os jograis eram os responsáveis por memorizar as cantigas e recitá-las em locais públicos. Os menestréis também memorizavam as cantigas, mas, além disso, tocava os instrumentos musicais.

3. Produção de cantigas líricas e satíricas

O trovadorismo se destacou com a produção de poesias líricas (cantigas de amor e amigo) e poesias satíricas (cantigas de escárnio e maldizer).

A poesia lírica explora os sentimentos e emoções do autor e, por isso, são escritas em primeira pessoa (eu). Nas cantigas de amor, o eu lírico (a voz da poesia) é masculino e o tema mais explorado é o sofrimento amoroso. Já na cantiga de amigo, o eu lírico é feminino e o tema mais frequente é a saudade e o lamento amoroso da dama que sofre com a ausência do amado.

Já a poesia satírica critica diversos aspectos da sociedade da época, além de ridicularizar as pessoas. As cantigas de escárnio fazem críticas indiretas, enquanto as cantigas de maldizer produzem críticas diretas através de uma linguagem mais grosseira.

4. Amor cortês e vassalagem amorosa

Uma forte característica explorada nas cantigas de amor do trovadorismo é o amor cortês e a vassalagem amorosa. Juntos, esses conceitos representam a submissão e fidelidade amorosa do homem diante de sua amada. Esse sentimento é expresso pela promessa de honrar e servir a dama com humildade e paciência.

Nesse sentido, a mulher é idealizada, inatingível e considerada o ser mais belo e puro. No amor cortês, os homens idealizam as mulheres da corte que eram casadas e, por isso, trata-se de um amor adúltero e incapaz de se realizar.

5. Produção de textos em prosa

Embora o trovadorismo tenha se popularizado e se destacado na produção poética, ele reuniu também diversos textos em prosa, como as novelas de cavalaria, as hagiografias, os cronicões e os nobiliários.

As novelas de cavalaria são textos narrativos que relatam grandes feitos e aventuras fantásticas de heróis e cavaleiros medievais que enfrentavam batalhas e monstros.


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Cantigas trovadoescas

 Cantigas trovadorescas é a denominação concedida aos textos poéticos da primeira época medieval e que fizeram parte do movimento literário do trovadorismo.

Em geral, eram músicas cantadas em coro e, por isso, recebem o nome de "cantigas".

As cantigas trovadorescas estão classificadas em dois tipos:

  1. Cantigas líricas: incluem as cantigas de amor e amigo, que estão focadas nos sentimentos e nas emoções.
  2. Cantigas satíricas: incluem as cantigas de escárnio e maldizer, que usam a ironia e o sarcasmo para criticar ou ridicularizar.

Cantigas de Amor

As cantigas de amor surgiram entre os séculos XI e XIII influenciadas pela arte desenvolvida na região da Provença, no sul da França.

A influência do lirismo provençal foi intensificada com a chegada de colonos franceses na Península Ibérica e que foram lutar contra os mouros ligados a Provença. Além disso, destaca-se o intenso comércio entre a França e a região ocidental da Península Ibérica, alcançando o Atlântico Norte.

Nesse contexto, surge o "amor cortês", baseado num amor impossível, onde os homens sofrem de amor, pois desejavam mulheres da corte que geralmente eram casadas com nobres.

Esse conceito é mais intenso na voz dos trovadores da Galiza e Portugal, que não se limitam a imitar, mas a "sofrer de maneira mais dolorida".


Características e exemplos de cantigas de amor

As cantigas de amor são escritas em primeira pessoa do singular (eu). Nelas, o eu poético, ou seja, o sujeito fictício que dá voz à poesia, declara seu amor a uma dama, tendo como pano de fundo o formalismo do ambiente palaciano. É por este motivo que ele se dirige a ela, chamando-a de senhora.

“Cantiga da Ribeirinha” de Paio Soares de Taveirós

No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, des aquelha
me foi a mí mui mal di'ai!,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós houve nen hei
valía dũa correa.

Esse tipo de cantiga mostra a servidão amorosa nos mais puros padrões da vassalagem.

Dessa forma, a mulher é vista como um ser inatingível, uma figura idealizada, a quem é dedicado um amor sublime também idealizado.

Cantiga “A dona que eu am’e tenho” de Bernardo de Bonaval

A dona que eu amo e tenho por Senhor
amostra-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte.

Essas características justificam a presença de um forte lirismo. Esse é representado pela "coisa d'amor" (o sofrimento amoroso); e "coita", que em galego-português, significa "dor, aflição, desgosto". Para os trovadores, esse sentimento é pior que a morte, e o amor é a única razão de viver.

Cantiga “Ai eu de min, e que será?” de Nuno Fernández

Ai eu de min, e que será?
Que fui tal dona querer ben
a que non ouso dizer ren
de quanto mal me faz haver.
E feze-a Deus parecer
melhor de quantas no mund'ha.

Mais en grave día nací,
se Deus conselho non m'i der;
ca destas coitas qual-xe-quer
m'é min mui grave d'endurar,
como non lh'ousar a falar,
e ela parecer assí,

Ela, que Deus fez por meu mal!
Ca ja lh'eu sempre ben querrei,
e nunca end'atenderei
con que folgu'o meu coraçón,
que foi trist', ha i gran sazón,
polo seu ben, ca non por al.

Cantigas de Amigo

As cantigas de amigo originam-se do sentimento popular e na própria Península Ibérica. Nelas, o eu poético é feminino, no entanto, seus autores são homens.

Essa é a principal característica que as diferencia das cantigas de amor, onde o eu lírico é masculino. Além disso, o ambiente descrito nas cantigas de amigo não é mais a corte, e sim, a zona rural.

Os cenários envolvem mulheres camponesas, característica que reflete a relação dos nobres com as plebeias. Esta é, sem dúvida, uma das principais marcas do patriarcalismo da sociedade portuguesa.

Características e exemplos de cantigas de amigo

As cantigas de amigo são escritas em primeira pessoa (eu) e, geralmente, são apresentadas em forma de diálogo. Isso resulta em um trabalho formal mais apurado em relação às cantigas de amor.

Cantiga “Ai flores, ai flores do verde pino” de D. Dinis

- Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?

-Vós me preguntades polo voss'amigo,
e eu ben vos digo que é san'e vivo.
Ai Deus, e u é?

Vós me preguntades polo voss'amado,
e eu ben vos digo que é viv'e sano.
Ai Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é san'e vivo
e seerá vosc'ant'o prazo saído.
Ai Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é viv'e sano
e seerá vosc'ant'o prazo passado.
Ai Deus, e u é?

Essas cantigas são a expressão do sentimento feminino. Nesse contexto, a mulher sofre por se ver separada do amigo (que também pode ser o amante ou o namorado). Ela vive angustiada por não saber se o amigo voltará ou não, ou ainda, se a trocará por outra.

Cantiga “Ondas do Mar de Vigo” de Martin Codax

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo
e ai Deus, se verrá cedo?

Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amado,
o por que hei gram coidado?
e ai Deus, se verrá cedo?

Esse sofrimento é, em geral, denunciado a um amigo que serve de confidente. Os demais personagens que compartilham o sofrimento da mulher são, a mãe, o amigo ou mesmo um elemento da natureza que aparece personificado.

Cantiga “A meu amigo, que eu sempr'amei” de João Garcia

A meu amigo, que eu sempr'amei,
des que o vi, mui máis ca min nen al
foi outra dona veer por meu mal,
mais eu, sandía, quando m'acordei,
non soub'eu al en que me del vengar,
senón chorar quanto m'eu quis chorar.

Mai-lo amei ca min nen outra ren,
des que o vi, e foi m'ora fazer
tan gran pesar que houver'a morrer,
mais eu, sandía, que lhe fiz por én?
Non soub'eu al en que me del vengar,
senón chorar quanto m'eu quis chorar.

Sab'ora Deus que no meu coraçón
nunca ren tiv'eu eno seu logar
e foi-mi ora fazer tan gran pesar,
mais eu, sandía, que lhe fiz entón?
Non soub'eu al en que me del vengar,
senón chorar quanto m'eu quis chorar.

Cantigas de Escárnio

As cantigas de escárnio são cantigas que apresentavam, em geral, uma crítica indireta e irônica. Abaixo, temos um exemplo desse tipo de cantiga:

Cantiga “Ai, dona fea, foste-vos queixar” de João Garcia de Guilhade

Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!

Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!

Note que nas cantigas de escárnio, podemos encontrar expressões ambíguas, ou seja, com duplo sentido.

Cantiga “A la fe, Deus, senón por vossa madre” de Gil Peres Conde

A la fe, Deus, senón por vossa madre,
que é a mui bõa Santa María,
fezera-vos eu pesar, u diría,
pola mia senhor, que mi vós filhastes,
que vissedes vós que mal baratastes,
ca non sei tan muito de vosso padre.

Por que vos eu a vós esto sofresse,
senón por ela, se lhi non pesasse?
Morrera eu, se vos com'hom'amasse
a mía senhor, que mi vós tolhestes.
Se eu voss'era, por que me perdestes?
Non queriades que eu máis valesse?

Dizede-mi ora que ben mi fezestes,
por que eu crea en vós nen vos servia
senón gran tort'endoad'e sobervia,
ca mi teedes mia senhora forçada;
nunca vos eu do vosso filhei nada,
des que fui nado, nen vós non mi o destes.

Faría-m'eu o que nos vós fazedes:
leixar velhas feas, e as fremosas
e mancebas filhá-las por esposas.
Quantas queredes vós, tantas filhades,
e a mí nunca mi nen ũa dades:
assí partides migo quant'havedes.

Nen as servides vós nen as loades,
e van-se vosqu'e, poi-las aló teedes,
vestide-las mui mal e governades,
e metedes-no-las tra-las paredes.

Cantigas de Maldizer

As cantigas de maldizer são canções cuja estrutura comporta críticas mais diretas e grosseiras. Nelas, são usadas termos de baixo calão, como palavrões, pois o intuito é mesmo agredir alguém verbalmente.

Confira, um exemplo desse tipo de cantiga:

Cantiga de “A mim dam preç', e nom é desguisado” de Afonso Anes do Cotom

A mim dam preç', e nom é desguisado,
dos maltalhados, e nom erram i;
Joam Fernandes, o mour', outrossi,
nos maltalhados o vejo contado;
e pero maltalhados semos [n]ós,
s'homem visse Pero da Ponte em cós,
semelhar-lh'-ia moi peor talhado.

Diferente das cantigas de escárnio, esse tipo de cantiga geralmente identifica a pessoa a ser satirizada, por exemplo:

Cantiga “A dona fremosa do Soveral” de Lopo Lias

A dona fremosa de Soveral
ha de mí dinheiros per preit'atal
que veess'a mí, u non houvess'al,
un día talhado a cas de Don Corral;
e é perjurada,
ca non fez en nada
e baratou mal,
ca desta vegada
será penhorad'a
que dobr'o sinal.

Se m'ela crever, cuido-m'eu, dar-lh'-hei
o melhor conselho que hoj'eu sei:
dé-mi meu haver e gracir-lho-hei;
se mi o non der, penhorá-la-hei:
ca mi o ten forçado,
do corp'alongado,
non lho sofrerei;
mais, polo meu grado,
dar-mi-á ben dobrad'o
sinal que lh'eu dei. 


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Resenha Crítica

 Aprenda a fazer uma boa resenha de filme seguindo os seguintes passos:

1. Assista ao filme

Para escrever sobre um filme a primeira coisa que você precisa fazer é assisti-lo atentamente, ou quando possível, assisti-lo pelo menos duas vezes.

O ideal é assistir uma vez, refletir sobre o filme, começar a esboçar a resenha, e voltar a assistir para garantir que não esqueceu de nada importante ou se enganou em alguma informação.

2. Leia sobre o tema abordado

Leia sobre o tema do filme e se informe sobre o que foi abordado. Ler sobre o tema não é ler outras resenhas do mesmo filme - para algumas pessoas isso pode influenciar o processo de escrita de forma negativa, e para essas pessoas, o ideal é consultar outras resenhas somente depois de escrever a sua própria.

Há pessoas, no entanto, que a leitura de outras resenhas até pode ajudar a desenvolver formas variadas de escrita e expandir seu conhecimento sobre resenhas.

Pesquise também sobre quem o dirigiu e que outros filmes foram realizados pelo mesmo diretor dessa produção cinematográfica. Isso é útil para perceber em que contexto o filme surge e qual a intenção do diretor.

3. Escolha o tipo de resenha

A escolha do tipo de resenha que você vai utilizar deve ir ao encontro do seu propósito.

As resenhas podem ser críticas ou descritivas.

As resenhas críticas contêm a opinião do resenhista, que faz uma avaliação do conteúdo do filme.

As resenhas descritivas contêm a informação sobre o conteúdo do filme, sem fazer julgamentos.

A existência de dois tipos de resenha não significa que uma resenha descritiva não possa ter qualquer tipo de opinião do resenhista. O que a caracterizará como uma resenha descritiva é o fato de esse tipo de resenha dar mais destaque à descrição do filme, enquanto uma resenha crítica, por sua vez, destacar o julgamento do resenhista.

4. Redija o seu texto

Siga a estrutura "introdução, desenvolvimento e conclusão" - e, em cada parte, distribua a informação da seguinte forma:

  • Introdução - indicação do tema abordado, local, época;
  • Desenvolvimento: indicação do conteúdo do filme (como os acontecimentos se desenrolam, mas sem narrá-los), intenção e público a que se destina;
  • Conclusão: indicação das dificuldades para entender o filme, se é interessante, se se destaca e comparação com outros filmes do mesmo gênero.

5. Verifique se o seu texto tem as características essenciais de uma resenha

  • Descrição: reflete a capacidade que você teve de descrever o conteúdo do filme, dando o leitor a conhecer o tema abordado nele;
  • Concisão: reflete a capacidade que você teve de escrever um texto sucinto, mas completo;
  • Objetividade: reflete a capacidade que você teve em abordar o que é mais importante no filme resenhado;
  • Argumentação: no caso da resenha crítica, reflete a capacidade que você teve de expor as suas ideias de forma organizada e a chance de convencer o leitor sobre elas.

    Exemplos de resenhas de filmes

    Trecho de resenha crítica de Pantera Negra, de Ryan Coogler

    Pantera Negra passa-se em Wakanda, o fictício país africano isolado do resto do mundo e que é uma potência tecnológica. Com o super-herói negro T’Challa, não é por acaso que a trilha sonora dessa produção cinematográfica, que une ancestralidade com modernidade, tem a força dos tambores africanos.

    É um sucesso de bilheteria muito interessante para assistir e talvez ainda mais para discutir, já que ele levanta questões sobre preconceito racial, relação entre países, e até mesmo sobre os refugiados.

    Trecho de resenha descritiva de A Vida é Bela, de Roberto Benigni

    A Vida é Bela é uma comédia trágica cuja história tem início na década de 30, na Itália. Lá, Guido, um garçom judeu divertido se apaixona por uma jovem rica, com quem casa e tem um filho.

    Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, levados para um campo de concentração, Guido tenta proteger seu filho do horror que vivenciam fazendo com que ele acredite que estão num jogo. É uma história comovente, que ajuda a entender um pouco sobre alguns aspectos da Guerra.

    Resenha é a mesma coisa que resumo de filme?

    Resenha e resumo não são a mesma coisa.

    Resenha é a descrição feita de um filme, em que se ressalta o que ele tem de mais importante. Ela não deve ser confundida com resumo, porque a resenha é mais breve e faz apenas uma explanação do seu conteúdo, podendo contemplar a opinião do resenhista.

    Resumo contêm a narração sintetizada de acontecimentos e a descrição de seus personagens, sem acrescentar nada de novo, ou seja, sem qualquer juízo de valor do seu autor.

    O que é resenha de filme?

    A resenha destaca o tema abordado numa produção cinematográfica e situa o leitor no tempo e no espaço daquilo que ela conta, sem narrar os acontecimentos do filme - apenas fazendo uma explanação sobre ele.

    Esse tipo de texto tem o caráter de apresentação de uma obra, podendo conter a opinião do resenhista. Pelo fato de descrever de forma breve o conteúdo do filme, é muitas vezes lido pelas pessoas para orientar a sua escolha.Além disso, a resenha indica ao público algo que pode não ser percebido mesmo depois de assistir ao filme, motivo pelo qual consiste numa pequena análise.

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Aulas 13 e 14

 Elementos da conclusão do discurso Reconhecer os elementos da conclusão de um discurso;  Delimitar a conclusão de um discurso. “A primeira ...