A Situação de Aprendizagem 1 foi elaborada pensando em possíveis diálogos entre a Competência (3), as habilidades de Linguagens (EM13LGG301) e de Língua Portuguesa (EM13LP49), que,
por sua vez, conectam-se ao campo artístico-literário e aos objetos de conhecimento
1) Quais são os temas apresentados nos Textos I e II?
Texto I “Capítulo 9 – A preta Suzana”:
A personagem Suzana narra a lembrança de seu povo
e conta a vida dela nos territórios africanos, onde vivia antes de ser escravizada. Texto II “Eu, mulher Preta”, o eu lírico mostra a libertação diante do passado escravagista, da opressão do racismo estrutural na sociedade, aceitação de sua cultura identitária e ancestralidade.
2) Os textos possuem conexões? Quais?
Sim, pois além das conexões entre os títulos
(Capítulo 9 – A preta Suzana e Eu, Mulher Preta) e temas, eles foram escritos por duas mulheres,
negras e escritoras.
3) Na opinião do grupo, o que essa conexão entre passado e presente propõe em relação à posição
da mulher negra (ou da cultura negra)?
Espera-se que compreendam que, apesar de terem passado séculos, a sociedade ainda carrega o racismo estrutural em ações cotidianas do presente, resultado de séculos de escravidão.
Atualmente, as escritoras negras reivindicam os seus direitos, lugares de fala, os papéis delas na
literatura brasileira e estão indo “de encontro” à cultura de privilégios simbólicos e materiais (ainda)
presentes na sociedade, dos quais elas tinham/têm sido sistematicamente excluídas.
4) Divulgado nos debates sociais e em coletivos há alguns anos, o conceito de lugar de fala é utilizado por muitos ativistas de movimentos sociais.
a) Busquem o significado do conceito “lugar de fala” e transcrevam-no no caderno.
b) Agora que já sabem o sentido dessa expressão, vocês acreditam que as escritoras, ao se
manifestarem por meio do romance e do poema conseguiram encontrar seus “lugares de
fala”? Discutam entre o grupo, anotando as principais informações no caderno.
Questões a e b: lugar de fala é um conceito sobre um lugar ocupado socialmente e que influencia a forma como lidamos com nossas experiências e perspectivas. Assim, ao abordarmos
temas específicos a um grupo, como racismo e feminicídio, pessoas negras e mulheres possuem,
concomitantemente, lugar de fala. Ou seja, conseguem oferecer uma visão que pessoas do sexo
masculino e brancas não possuem. Logo, valoriza-se especialmente quem vivencia tal realidade.
Sobre o Texto I
5) Pesquisem no Capítulo 9 – A preta Suzana, as palavras consideradas desconhecidas e transcrevam-nas no caderno, buscando os significados em dicionários impressos ou digitais.

6) Maria Firmina dos Reis, por meio da fala da Preta Suzana, denuncia a escravidão presente na sociedade da época, rememorando o seu povo. Investiguem no Texto I quais os trechos em que são narradas essas memórias e discutam entre o grupo, anotando as informações relevantes no caderno.
Sendo a obra do período literário Romantismo, é importante lembrar que, na época, os escritores enfatizavam o nacionalismo. A escritora, entretanto, contrariando essa tendência, utilizou-se
da estratégia de criar uma narrativa romântica, na qual o leitor consegue perceber as denúncias e
questões sociais, um pouco além das emoções e dos sentimentos presentes na obra.
Os temas
“escravidão” e “condição da mulher” são apresentados nas entrelinhas da obra.
7) Analisem a seguinte afirmação: A personagem Suzana é consciente em relação à sua cultura e seu passado africano. Vocês concordam ou discordam?
a) Debatam entre o grupo (ou em pares), justificando as respostas no caderno, e destaquem as
passagens do texto que permitem comprovar a afirmação.
É possível tecer comentários a partir do trecho: “Tinha chegado o tempo da colheita, e o milho
e o inhame e o amendoim eram em abundância nas nossas roças. [...] até o final dele “[...] Deixei-
-a nos braços de minha mãe, e fui-me à roça colher milho. Ah, nunca mais devia eu vê-la.”
8) Leiam o trecho a seguir, que inicia o romance Úrsula, para responder às próximas questões:
“MESQUINHO E HUMILDE LIVRO é este que vos apresento, leitor. Sei que passará
entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros, e ainda assim o dou a
lume. Não é a vaidade de adquirir nome que me cega, nem o amor próprio de autor.
Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira,
de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados, que
aconselham, que discutem e que corrigem [...]”
Este complemento pode subsidiar o capítulo em estudo: mulheres alfabetizadas e escritoras
eram raridades no período em que a autora publicou o seu livro. Considerando a sua origem, as
condições limitadas e o preconceito em relação às mulheres da época, isso torna esse feito ainda
mais notável. Há aqui uma menção a uma submissão historicamente construída da mulher em relação ao homem, presente até os dias de hoje. É uma questão ainda contemporânea e controversa,
que vale a pena ser discutida com os estudantes, contextualizando o tema de forma adequada.
Informe sobre esta dupla restrição: mulher negra, o que ocasionou, na primeira edição do romance,
a autora Maria Firmina dos Reis assinar com o pseudônimo de “Uma maranhense”.
Sobre o Texto II
9) O tema tratado no poema agradou ao grupo? Discutam e anotem no caderno, justificando as respostas.
Espera-se que haja uma sensibilização do tema, a fim de que percebam a visão crítica e o ato
de luta com que a autora aborda o tema literatura negra e resistência.
10) Mediante as descrições contidas no poema Eu, mulher Preta, quais práticas discriminatórias presentes no Texto II ainda existem no dia a dia da mulher (ou da população) afrodescendente?
Discutam entre o grupo e anotem as respostas no caderno.
Espera-se que identifiquem que as práticas descritas pelo eu lírico indicam as características
e padrões culturais, por intermédio de ações como “não usar avental” e “uniforme”, não morar
no quarto dos fundos, não cozinhar. E características físicas como “não alisar o cabelo, não odiar
meus lábios carnudos, não se achar feia”.
11) Ao descrever nos versos as diversas ações que deixou de realizar, o que o eu lírico deseja revelar?
Levantem hipóteses a respeito.
Deseja revelar, ao deixar de realizar as ações, que não mais está sendo afetada pelo racismo
e suas consequências, e sim está se libertando dos padrões e condições aos quais a mulher negra
está associada, revertendo, assim, as consequências causadas pelo racismo e discriminação em
protagonismo social. Dessa forma, também está promovendo e valorizando a sua afrodescendência.
12) Releiam a última estrofe do poema Eu, Mulher Preta, e respondam:
a) Somente para quem o eu lírico “se levanta”, e por quê?
b) Transcrevam, no caderno, os nomes de todas as mulheres citadas pela autora.
c) Pesquisem em sites, dicionários impressos e/ou digitais, transcrevendo quem foram elas, e
qual a contribuição que tiveram para a identidade negra feminina na história.
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