domingo, 21 de novembro de 2021

O Buda e o Mendigo

Essa é uma história contada por um monge num templo na Tailândia:

                                                                                                                                                                        Um pobre mendigo estava tentando juntar comida, mas todos os dias ela desaparecia.    Até que em um certo dia, ele pegou o rato que roubava sua comida.

         O mendigo, então, perguntou ao rato:

         - Por que rouba minha comida? Afinal, sou um mendigo, já não tenho nada. Vá roubar de pessoas ricas, elas nem vão sentir falta!

         O rato respondeu:

         - O meu destino é roubar de você.

         O mendigo queria saber:

         - Por quê?

        E o rato respondeu:

       - Porque faz parte do seu destino ter somente oito itens em sua posse. Você pode mendigar o quanto quiser, mas só poderá ter oito itens.

       O mendigo, de coração partido, questionou a razão do seu destino, porém o rato não sabia responder e pediu que o mendigo perguntasse ao Buda.

      Assim, o mendigo iniciou sua viagem em busca do Buda. Ele andou o dia todo, até que chegou em uma propriedade de família rica, resolvendo parar e pedir abrigo ao senhor que o atendeu. Prontamente, o senhor da casa o deixou entrar.

      Assim que adentrou na casa, o senhor perguntou:

      - Para onde está indo, viajando tão tarde da noite?

      - Eu preciso encontrar Buda, pois tenho uma questão para ele - respondeu o mendigo.

      A esposa do senhor entrou no aposento e, ao ouvir o que o mendigo dizia, perguntou:

      - Pode fazer uma outra pergunta ao Buda?

      - Sim, acredito que posso fazer um questionamento em seu nome. Qual é a questão? 

                                                                                                                                                                                              

      - Nós temos uma filha de 16 anos, que não consegue falar e queremos saber o que fazer para resolver esse problema - disse a esposa do senhor.

      Na manhã seguinte, o mendigo prosseguiu viagem agradecendo a hospitalidade e garantiu que faria a pergunta ao Buda. 

      No meio do caminho, vislumbrou o mar de montanhas que teria que atravessar e subiu em uma delas, onde encontrou um feiticeiro que carregava um cajado e perguntou a ele:

      - Pode me ajudar a atravessar as montanhas?

      O feiticeiro concordou e os dois subiram no cajado do feiticeiro, voando sobre as montanhas. Enquanto voavam, o feiticeiro perguntou:

      - Para onde está indo? Para que atravessar todas essas montanhas?

      - Estou indo me encontrar com Buda. Preciso questioná-lo sobre o meu destino - respondeu o mendigo.

      - Verdade? Pode fazer uma pergunta ao Buda em meu nome? Há mil anos tento ir ao paraíso,  penso  que  com  os  meus  conhecimentos    poderia  ir  até    -  questionou  o

feiticeiro.

      -  Com  certeza,  posso  fazer  essa  pergunta  ao  Buda  em  seu  nome  -  respondeu  o mendigo.

      Prosseguindo sua viagem, o mendigo se deparou com mais um obstáculo: um rio que ele não conseguia atravessar.

      Pensando  como  faria  para  atravessar  o  rio,  o  mendigo  viu  surgir  uma  tartaruga gigante, que o levou até o outro lado do rio.

      Enquanto atravessavam o rio, a tartaruga perguntou:

     - Para onde vais que precisa atravessar o rio?

     - Vou ver o Buda! Quero saber sobre o meu destino - respondeu o mendigo.

     - Pode levar uma pergunta minha ao Buda, por favor? - perguntou a tartaruga.

                                                                                                                                                                                                   

     - Posso sim! Qual é a pergunta? 

     - Eu tento me transformar em dragão há mais de 500 anos e, segundo meus conhecimentos, já deveria ter me transformado em dragão. Como faço para me transformar nele? Pode perguntar isso ao Buda?

    - Eu levo a sua pergunta ao Buda e agradeço por ter me ajudado a atravessar o rio.

    Assim, o mendigo continuou a sua viagem até chegar onde o Buda morava. O mendigo parou por um momento em frente ao mosteiro, respirou fundo, caminhando com determinação e entusiasmo, pronto para fazer a sua pergunta e a de todos que

encontrou pelo caminho.

    Adentrando ao mosteiro, o mendigo encontrou o Buda e fez uma reverência:

    - Buda, por favor, aceite minhas felicitações, viajei de muito longe para estar diante de ti e fazer algumas perguntas. Posso perguntar?

    O Buda prontamente aceitou e disse:

    - Eu te responderei apenas três questões.

    O jovem mendigo não acreditou no que ouviu, ele tinha quatro questões. Como faria para honrar a sua palavra e ainda fazer a sua pergunta? Pensou em todos que o ajudaram

a  chegar  até  ali.  A  menina  que  ficaria  sem  falar  por  toda  vida,  o  feiticeiro  que  não chegaria  ao  sonhado  paraíso  e  na  tartaruga  que  tentava  se  tornar  um  dragão.  Então, pensou:

     “Eu sou apenas um mendigo! Posso voltar às ruas e continuar pedindo, já estou acostumado! Mas para eles, tudo pode mudar se tiverem suas respostas.” 

      Sentindo  que  seu  problema  era  muito  pequeno  diante  dos  problemas  dos  outros, perguntou ao Buda apenas as perguntas daqueles que o ajudaram.

      Como esperado, o Buda respondeu:

     - A menina só conseguirá falar quando encontrar a sua alma gêmea, a tartaruga virará dragão quando estiver disposta a sair de seu casco, do seu conforto, e o feiticeiro nunca                                                                                                                                                                                                       solta seu cajado porque ele tem um peso, como uma âncora que não permite que ele siga ao paraíso.

     Assim, o mendigo agradeceu ao Buda e iniciou o seu retorno para casa.

     Durante a sua volta, como era esperado, encontrou seus novos amigos. Primeiro, foi a tartaruga que queria saber: 

      - Perguntou ao Buda como posso virar dragão?

      - Sim! Ele disse que você só precisa abandonar o seu casco para se tornar dragão! 

      A tartaruga, então, saiu de seu casco e o ofereceu ao mendigo em agradecimento.

Dentro deste casco havia pérolas preciosas, encontradas nas águas mais profundas do oceano.

      Continuando seu retorno, o mendigo encontrou o feiticeiro no topo na montanha e logo foi contando a ele sobre a resposta do Buda:

      - Você só precisa soltar seu cajado e poderá seguir para o paraíso!

      Ao ouvir a resposta, o feiticeiro ofereceu seu cajado ao mendigo, agradecendo, pois agora poderia ir ao paraíso.

      O  mendigo  agora  tinha  o  poder  do  feiticeiro  e  a riqueza  da  tartaruga,  assim, continuou sua viagem de volta, indo até a casa da família que o abrigou.

      Chegando à propriedade, a família ficou muito contente com o seu retorno e com a resposta que ele trazia.

      - O Buda disse que sua filha voltará a falar quando encontrar sua alma gêmea. 

      Naquele momento, a jovem filha do casal desceu as escadas e falou:

      - Não foi esse rapaz que esteve aqui na semana passada?

       Todos ficaram espantados e olharam para o mendigo: ele era a alma gêmea da filha! 

       O casamento foi marcado e todos viveram felizes para sempre....

 

 Moral da história: Tudo o que fazemos para o mundo voltará para nós!

Lígia Carina C. Barbosa – Texto adaptado para este material

 

Foto de Wouter de Jong no Pexels



 

1) Vocês conhecem alguma pessoa do nosso tempo que segue alguns dos ensinamentos de Buda? Deem exemplos.

2) É possível que cada um de nós possamos desenvolver alguns desses ensinamentos?

3) O que levou o mendigo, após exaustiva jornada, abrir mão de sua resposta?

4) O mendigo foi capaz de desenvolver alguns dos ensinamentos de Buda? Quais?

5) Na fábula, o que o mendigo recebeu após ajudar a cada um que encontrou pelo caminho?

6) Ele agiu pensando na recompensa?

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

 

A menina do vestido azul





Você já viu uma casa que parece mal-assombrada? Uma casa com paredes sujas, janelas quebradas, jardim cheio de mato...

A casa onde Talita morava com seus pais era deste jeito.

As outras casas do bairro também eram simples, mas um pouco mais conservadas.

Talita nunca faltava à escola e sempre tirava notas boas. Ela era muito boazinha com as pessoas, mas as outras meninas quase nunca queriam lhe dar a mão quando brincavam de roda.

É que ela estava sempre suja e com a roupa rasgada.

O professor de Talita chamava-se Felipe.

Ele trabalhava muito e adorava seu trabalho. Mas o dinheiro era curto. Não sobrava quase nada no final do mês.

O professor Felipe tinha muita vontade de ajudar Talita a ter mais amigos. Então, teve uma ideia: decidiu comprar um vestido novo para ela.

Para poder juntar dinheiro, ele parou de almoçar no bar do Chico e aprendeu a cozinhar, porque saía mais barato. Depois de um mês, o professor já tinha virado um cozinheiro de mão cheia! E ficou tão animado com o resultado que começou a ter mais ideias práticas para fazer economia. Assim, chegou o dia em que conseguiu comprar um vestido para Talita!

O vestido era lindo, todo azul!

A menina adorou!

Quase não conseguiu agradecer, de tanta emoção que sentiu!

Voltou para casa abraçando com força seu presente.

O pai e a mãe de Talita também perceberam que a filha estava mais alegre. Então a mãe, que se chamava Joana, disse:

— Como nossa filha está sujinha!

Nem combina com esse vestido tão novo e tão limpo...

Deu banho em Talita, cortou suas unhas e penteou seus cabelos. Que mudança! Talita gostou e, desde aquele dia, passou a se cuidar mais.

Agora ela andava sempre limpinha e penteada, com seu vestido azul.

Logo as outras crianças começaram a convidá-la para suas brincadeiras. Talita estava tão feliz! Para ela, o mundo ficou parecendo tão azul quanto seu vestido!

Um dia, o pai de Talita, que se chamava Jorge, falou para Joana:

— Sabe o que eu pensei? Que é uma vergonha que nossa filha, tão estudiosa e bem arrumada, more em uma casa como esta, toda quebrada e suja! Vamos dar um jeito nisso?

Joana achou que ele tinha razão:

— Vou fazer uma limpeza, jogar fora o que a gente não usa e fazer umas cortinas com aquele pano que ganhei de aniversário.

Arrumar a casa deu bastante trabalho, mas Jorge e Joana sentiam um prazer enorme ao ver tudo se transformando. Não entendiam como tinham conseguido viver por tanto tempo daquele jeito!

Aos poucos, a casa foi ganhando vida nova.

Agora ela tinha um jardim florido, paredes branquinhas, vasinhos nas janelas... Os vizinhos começaram a comentar:

— Que coisa incrível! A casa do Jorge e da Joana, agora, é a mais bonita da rua! E eles não gastaram quase nada!

- Pois é! Agora a nossa é que está fazendo feio!

Amanhã vou comprar uma lata de tinta e dar um jeito na fachada.

— E eu vou arranjar mudas de roseira.

Sempre quis ter um jardim de rosas!

— Faz tempo que eu estou querendo pintar a porta e as janelas da mesma cor. Também quero uma casa bonita!

Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado!

Mas a poeira das ruas de terra ainda sujava bastante as casas.

Joana falou:

— Se nossas ruas fossem pavimentadas, teria menos poeira e tudo ficaria mais limpo!

Ela e outras pessoas do bairro formaram um grupo. Foram até a prefeitura e pediram este melhoramento. O prefeito resolveu visitar o bairro e ficou impressionado com o capricho dos moradores. Disse:

- Nunca vi casas tão bem cuidadas! Vou providenciar a pavimentação das ruas principais e a canalização do esgoto!

Talita também teve uma ideia:

— Ali na esquina tem um terreno baldio, cheio de mato e lixo. Se todos ajudassem, ele poderia virar uma praça, com brinquedos pra gente se divertir!

A criançada adorou a sugestão e o prefeito autorizou o projeto.

Depois de retirar o lixo, os moradores descobriram que, reunindo seus talentos, poderiam construir os brinquedos. Quem tinha material sobrando em casa... doou. Quem sabia trabalhar com madeira... trabalhou. Quem não sabia... aprendeu. Por fim, com restos de tinta, pintaram tudo bem colorido! Logo, a praça tinha balanços, gangorras e um escorregador, que num instante se encheu dos risos das crianças!

Dona Corina, que nunca saía da cama, levantou-se e foi até a calçada.

Seu Clodoaldo, que só pensava em fazer contas, cheirou uma flor.

Dois namorados pararam de se beijar e foram pra janela olhar.

Os risos alegres lembraram a todos que a vida tinha ficado melhor!...

Mas havia alguém mais feliz: o professor Felipe. Ele olhava as ruas limpas, as rosas nos jardins, as pessoas mais sorridentes, e pensava:

“Quem diria!

E tudo começou com um vestido azul!...”

Cada atitude nossa, mesmo que pareça pequena e que não dê frutos instantâneos, é importante e traz resultados.

Um pequeno gesto pode fazer muita diferença!

Então, vamos presentear nossos amigos com um lindo vestido azul e ver esse pequeno gesto se transformar em um grande movimento!

Autor: Desconhecido

Agradecimento: Professora Rosana



Leitura do conto “A menina do vestido azul”, que aborda pequenas ações que contagiam, positivamente, as pessoas, e que colaboram para a melhoria do ambiente.



Sugestões de atividades



Atividade 1

Após a leitura, os alunos confeccionam, em papel, peças de vestuário (calça, saia, blusa, vestido etc.) e, nelas, registram ações que eles realizam e que ajudam a melhorar o ambiente escolar e a própria aprendizagem. Após, solicitar que combinem as peças em um "Varal ou Painel das Boas Ações".



Atividade 2

Ser protagonista de nossa vida é ser líder de transformações positivas para o mundo. Essas transformações podem começar pelas ações que realizamos onde vivemos, estudamos ou frequentamos. Forme grupos e, para cada um, determine um líder. O líder deve chamar voluntários para cuidar de uma determinada tarefa. Por exemplo: um grupo cuidará das plantas da escola; outro será a equipe da decoração; outro será a equipe da limpeza; e assim por diante!

“Seja a mudança que você quer ver no mundo” Mahatma Gandhi



Atividade 3

Quando uma pessoa nos presenteia com algo ela está confiando em nossa capacidade de ser cuidador. A partir da atitude do professor, que deu um vestido azul à aluna, a comunidade transformou suas casas, suas ruas, seu bairro e, consequentemente, a cidade. Para desenvolver esse tipo de responsabilidade e compromisso:

Confeccione em papel um “vestido azul” e escreva nele uma mensagem de carinho e respeito. Entregue-o a alguém da sala!



O objetivo das atividades é que os alunos identifiquem que suas ações, unidas, formam uma força, e melhoram o dia a dia na escola.

 


imagem: pixabay




Aulas 13 e 14

 Elementos da conclusão do discurso Reconhecer os elementos da conclusão de um discurso;  Delimitar a conclusão de um discurso. “A primeira ...